Quem será a escolha de Joe Biden para ser sua vice?

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Com o recente – e nada surpreendente – desembarque de Bernie Sanders da corrida democrata pela nomeação, o ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pode ser praticamente considerado o adversário de Donald Trump nas eleições americanas de 2020.

Muito dessa vitória antecipada também deve-se, é bom que se faça o registro, ao que a esquerda gosta de apontar como “machismo estrutural enraizado na ordem patriarcal da sociedade ocidental”, do qual, vejam só, o próprio Partido Democrata e a grande mídia – que ignoraram a existência da congressista havaiana anti-guerra e integrante das Forças Armadas, Tulsi Gabbard – parecem sofrer mais do que qualquer burguês conservador republicano que eles costumam crucificar.

Hipocrisias à parte, findado o certame entre os postulantes democratas, avizinha-se o momento de seu vencedor fazer uma escolha extremamente importante: a do candidato à vice-presidência. O vice, embora coadjuvante, possui um papel que pode levar à decisão do eleitor pela chapa, mesmo que seja pelo fato de ele ou ela aparecer pouco e, portanto, não dar muita margem a polêmicas. E quem deseja ser o próximo comandante em chefe da maior democracia do mundo precisa levar em conta alguns critérios para essa definição.

O primeiro ponto a ser considerado é o quanto de capital político o vice candidato traz consigo. Escolher um parceiro oriundo de uma base eleitoral onde o principal postulante não é tão popular é positivo no sentido de acrescentar capilaridade e votos à chapa. Outro fator fundamental é a capacidade arrecadatória do vice. Campanhas custam cifras bilionárias e escalar um candidato que não atraia financiadores e não possua um networking promissor no meio empresarial é quase uma sentença de derrota. E um último critério importantíssimo na decisão de escolha do vice é o simbolismo, especialmente em tempos nos quais as pautas identitárias são uma ferramenta de persuasão chave na política e que costumam sugestionar a mente dos eleitores e direcionar sua escolha.

Nas últimas eleições ao redor do mundo, o vice costumou ser, principalmente nas candidaturas de esquerda, uma mulher, uma pessoa homossexual, uma pessoa negra ou, para levar o combo completo às urnas, todas as alternativas incorporadas em um nome só.

Foi partindo dessa tendência, inclusive, que eu decidi empregar no título do texto o gênero feminino quando me referi à escolha de Joe Biden. Por sinal, o próprio Biden já antecipou, em diversas oportunidades, que dará preferência a uma mulher, indubitavelmente em virtude do que a estratégia eleitoral e o comando central do Partido Democrata recomendam a quem deseja ter chances de vitória.

Aqui vão alguns nomes femininos que ganharam destaque nos últimos anos dentro da esquerda americana e que eu acredito serem os mais competitivos.

Stacey Abrams – Figura expoente em tempos de radicalização do Partido Democrata, a ex-congressista e ex-candidata a governadora da Geórgia chegou a ser apontada por Joe Biden como uma das prováveis mulheres que ele escolheria para ser sua vice. Mesmo com um discurso anti-semita e defendendo pautas como o aborto, Abrams chegou muito perto da vitória nas eleições de 2018 e quase tornou-se governadora de um estado conhecido por ser bastante conservador. A disputa foi tão apertada, que foram necessárias duas recontagens para ser declarada a vitória do republicano Brian Kemp. Negra, além de poder usar o argumento racial, conta também a seu favor seu forte apelo com a juventude; os universitários representaram uma grande porcentagem do seu eleitorado nas últimas eleições.

Michelle Grisham – Governadora do Novo México e de descendência latina, Grisham é muito próxima da Presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi (hoje talvez a principal manda chuva do Partido Democrata em Washington); fatores que favoreceriam sua indicação. A escolha por Michelle Grisham também poderia ser a garantia de que os 5 votos do seu estado no colégio eleitoral, tradicionalmente dados a candidatos democratas, iriam mais uma vez para a soma da esquerda.

Kamalla Harris – Nome em ascensão no Partido Democrata, a senadora da Califórnia é mais uma a surfar na onda do racialismo identitário e do antagonismo ao presidente Donald Trump. Negra, filha de uma imigrante indiana e de pai jamaicano, Kamala Harris encarna como poucas o simulacro do Barack Obama feminino; em tese, é o produto perfeito a ser vendido na boutique do multiculturalismo da esquerda americana. Outro trunfo da senadora é o de ser original do maior colégio eleitoral do país. Entretanto, sua popularidade esfriou junto ao eleitorado jovem por conta do seu passado como procuradora, quando opôs-se à ideia de flexibilizar punições aos criminosos.

Gretchen Whitmer – Aqui vai a aposta do autor. Whitmer é governadora do estado de Michigan. Jovem, bonita e bem articulada, ela venceu as eleições do seu estado em 2018 com uma vantagem de 10% diante do seu opositor republicano. Por ter sido líder da minoria durante seu mandato no Congresso, ela com certeza possui a confiança do establishment de seu partido. A escolha por Whitmer representaria a ponte com o público jovem, naturalmente desconfiado de Joe Biden, e a chance de os democratas reconquistarem o cinturão da ferrugem – importante e populosa região industrial do país composta também pelos estados de Indiana, Ohio, Pensilvânia, Missouri, Nova Iorque e Virgínia Ocidental – que nas últimas eleições preferiu o discurso de proteção aos empregos americanos encampado pelo presidente Donald Trump. O desafio, contudo, será fazer Gretchen Whitmer mudar de ideia, já que ela própria descartara a possibilidade de ser candidata em 2020.  

Vale ressaltar que cada um dos nomes apresentados possui, do seu jeito e em maior ou menor grau, pelos menos um dos critérios mencionados anteriormente tidos como essenciais para a escolha do vice. Seja pelo simbolismo identitário, pela força econômica ou pelo peso do seu estado na soma dos colégios eleitorais, independente de quem seja a escolhida, o certo é que ela ajudará a minimizar a desconfiança que o eleitor nutre com relação a Joe Biden e tornará a chapa um pouco mais competitiva na disputa contra o favorito Donald Trump.


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