Uma conversa prudente e sofisticada

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Por que o Brasileiro não consegue ser leal?

Isto faz parte de uma série de textos para amigos liberais ou que se orgulham de ser “pensadores livres, independentes de qualquer amarra ideológica”.

A primeira coisa que vou dizer é que, para existir a mínima possibilidade de conhecimento (e aqui nem estou falando de conteúdo, mas de posicionamento e orientação real na vida), é necessário um atributo chamado Humildade. Não sou eu quem diz isso, até gostaria que fosse, mas quem falou se chama HUGO DE SÃO VITOR, um dos maiores pedagogos da história humana.

Hugo de São Vitor

Para que exista humildade é necessário que se tenha um professor ou alguém que você considere superior. Não adianta dizer que reconhece o papa ou um bispo/padre como superior, pois você o faz por uma hierarquia religiosa e não por reconhecer nele alguma virtude.

A humildade vem de humilhação. É necessário que você constranja seu espírito a ponto de entender que você será guiado e orientado por um capitão. Era assim que a educação medieval funcionava: o sujeito via um mestre na filosofia e seguia-o cegamente até o fim da vida dele, pois aí ele estaria apto a superá-lo e contribuir com algo que preste àquele edifício espiritual.

SÓ SE APRENDE OU VIRA GENTE ASSIM. NÃO HÁ SAÍDA, NÃO EXISTE OPÇÃO TWO. É isso ou viver fadado a estar preso em seus pensamentos ad eternum.

Acontece que quando você vira para um aluno do Olavo, do Ítalo ou do Allan e enche sua boca com orgulho para chamá-lo de idólatra, você cria na sua alma um movimento contrário ao que foi exposto acima.

Os escolásticos chamavam isso de Scurrilitas. É a disposição de ficar de picuinha por qualquer mínima discordância ou estranheza que se tenha ao outro. Um amigo apelidou isso de V14D4G3M ESPIRITUAL, visto que é a atitude que os g0ys tendem a ter. É você pegar o menor aspecto de um sujeito e tomá-lo como inteiro apenas para causar implicância. O homem que faz isso tem um demônio com a cara do Pablo Vittar no cangote e não sabe.

Chamar Olavo de astrólogo e Bolsonaro de grosseiro são exemplos dessa condutas. Não te fará alguém melhor. Pelo contrário, apenas demonstrará a miudeza de sua alma. Fará com que se torne incapaz de se esforçar para fazer críticas mais elevadas ou inteligentes, além de fechar-lhe numa afetação espiritual que te impede de aprender ou se educar.

Filósofo Olavo de Carvalho

Portanto, alunos de personalidades que citei estão certíssimos em agir de forma quase absolutamente dependente de seus mestres, pois isso os auxiliam a ser humildes e a fomentarem um conhecimento e estilo próprio, onde imitando alguém superior desenvolvem em si qualidades elevadas que se adaptam a sua própria forma estilística. Dado o exposto na esfera do intelecto, apliquemos isso a outras realidades: a política pode ser uma delas.

A formação política

O povo brasileiro, na sua gênese, sempre foi afastado das suas realidades políticas sem nunca ser o protagonista de sua própria história. Independência foi assim, Golpe Republicano, Vargas, Regime Militar, Diretas Já, Collor, etc.

Entretanto, desde 2013, graças ao advento das redes sociais, o nosso país entrou numa esfera de debates políticos e as ideias políticas outrora reprimidas eclodiram como um vulcão em erupção.

Todo o processo se orientou por demais no campo das ideias. O boom editorial é visível, o brasileiro conseguiu até a incrível façanha de transformar um filósofo em um sujeito popular (isso nunca ocorreu na história). Enquanto o povo tomava as ruas era comum vermos cartazes com o dizer “Olavo tem razão!”, e até mesmo na figura de seus antagonistas o debate se pautava em torno da sua personalidade

Juveninho, quando são

Óbvio que quando há uma profusão de ideias nessa escala e de forma avassaladora, levando menos de 10 anos para uma mudança total no cenário cultural, alguns problemas acontecem. Entre eles a tremenda confusão desse clima com o clima político.

O brasileiro descobriu o poder que o conhecimento oferece em alguns casos. E muitos nas redes sociais devotaram-se a essa empreitada. Grupos de debates expandiram-se e em cada um deles se destacavam figuras proeminentes.

Isso causa uma sensação inicial de independência e desvinculamento, visto que você está debatendo ideias e opiniões. Aristóteles diz-nos que a base da política é a amizade, pois através da junção de grupos e da lealdade que os membros possuem uns aos outros é que torna-se possível desenvolver pautas em conjunto e ações para o bem da pólis (eis o significado de política).

A esquerda política que dominou o mundo e até hoje o influencia sempre entendeu esse princípio. Basta lembrar que os sovietes chamavam uns aos outros de camarada. Participantes do Foro de SP também empregavam um termo semelhante.

Acontece que os seus opositores, por surgirem em ambientes de debates, esqueceram que a política se pauta neste princípio inicial: fidelidade. Pode haver discordâncias e divergências, mas a ideia é defender o aliado até o fim. Não é mera questão de opinião ou de convicções morais superiores.

Ora, num cenário em que aparentemente há apenas duas facções: a primeira, com grupos que querem arrancar o dinheiro do povo até o último centavo; a segunda, com tiranos que querem nos escravizar em prol de um projeto ideológico falido, é evidente que todos deveriam agregar-se nas pessoas que representam a máxima oposição a essas duas facções.

No momento, gostando você ou não, a única pessoa que está num cargo, com poder e meios de ação, é o presidente Jair Bolsonaro. E quando o povo defende-o com unhas e dentes, até parecendo ignorar seus erros, não é por algum tipo de idolatria ou manobra política, mas é porque o cidadão médio sabe o que você, meu caro amante de reputação ilibada e das Instituições, se esqueceu: votamos em pessoas e não em ideias.

De nada vale a sua ideia ou opinião porque ela sozinha não tem poder de mudar os fatos. É preciso que alguém execute-a, e o único capaz de fazer isso é Jair Messias Bolsonaro. Não se trata de “defesa apaixonada” ou “passar pano”, como alguns medíocres sugerem.

Momento em que Dayane Pimentel torna Bolsonaro conhecido (ironia)

O exposto não implica em dizer que ele seja infalível. Mas não faz o menor sentido tratar com desprezo alguém que foi jogado na cova dos leões porque nós o colocamos lá. Seja menos medíocre. Aprenda a ter lealdade, pois enquanto você fala em ser “isento” e se orgulha de não ser “manipulado”, está apenas se abstendo de fazer a única política que existe: expresso apoio a pessoas que podem fazer valer sua voz. Você não deve abrir espaço para que outros grupos tomem poder e te escravizem.

A pluralidade de Ideias

Um ambiente cultural saudável exige que tenhamos o máximo de circulação de ideias. Como vivemos numa democracia, estamos sempre a um passo da insanidade, posto que a tendência é que a ordem política mude constantemente.

Veja os EUA: ora temos democratas, ora republicanos. Entretanto, mesmo com a ameaça de possíveis destruições das liberdades individuais, há sempre um contrapeso, que é a máxima circulação de ideias, principalmente de ideias políticas.

Lá você possui inúmeros órgãos de imprensa comum, telejornais, que quase sempre se pautam pelos ideais progressistas e/ou globalistas. Entretanto, você tem uma enorme quantidade de rádios ou blogueiros independentes que pautam as ideias conservadoras. Assim você consegue manter um equilíbrio sem que ocorra uma dominação política por completo.


O Brasil é inteiramente diferente. Aqui, desde a fundação deste país, temos pequenas famílias controlando o poder e mantendo a normalidade pública (ou não). Porém, o que ocorria bastante era que essas famílias tendiam a concorrer entre si e os poderes quase sempre conflitavam.

Após a era Vargas houve uma centralização muito grande do poder estatal e cultural na capital do poder federal. E a tendência era que isso se ampliasse. Com o regime militar, a categorização das profissões que lidam diretamente com informação (professores, jornalistas, etc), a maquina esquerdista dominou e suprimiu qualquer voz dissonante neste país.

Foram décadas de domínio midiático e controle da informação, de forma indireta, sem nenhum aparente controle estatal, apenas pelo uso de palavras gatilho e hegemonia cultural, que quase sempre tornava qualquer opositor constrangido o suficiente para não criar uma mínima resistência. Porém, o professor Olavo rompeu com tal realidade ao criar uma elite intelectual e promover o boom editorial conservador no Brasil.

Foi um grande mérito. Todavia, ainda temos um grande problema: a imprensa exerce uma influência fortíssima neste país. Aqui é o país que toda barraquinha de lanche tem uma TV ligada por 24 horas na Rede Globo. As pessoas consomem televisão como se estivessem respirando oxigênio.

Surgiram inúmeros portais no país, disseminados pelas redes sociais, que trouxeram o questionamento à grande imprensa, que tem caído em descrédito absoluto ao ser exposta dia a dia a sua sórdida manipulação.

Aqueles sujeitos mencionados anteriormente tendem a agir sempre com desconfiança diante desses veículos alternativos, enfraquecendo a opinião oposta ao poder que cerceia sua liberdade de pensamento. Novamente aqui entra o critério de fidelidade às pessoas. Você não precisa gostar do Terça Livre ou do Allan dos Santos; não precisa gostar do Conexão Política, tampouco precisa ter uma foto dos irmãos Derosa do Estudos Nacionais. Mas apenas dar suporte e repassar a informação que eles transmitem.

Quando cria margem de afetação para rejeitar, descreditar ou até alegar que eles possuem um trabalho igual ao da grande imprensa, você deixa de aprender com eles sobre como enfrentar o establishment midiático e perde espaço no campo cultural. Não é mais inteligente fazer valer as posições em comum e descreditar uma imprensa que criminaliza todos os seus valores, do que ficar de picuinha sem motivo real, enfraquecendo aqueles que lutam ao seu lado? É realmente uma questão delicada, pois passa por um problema cultural e espiritual que nosso país carrega nas costas desde a sua fundação.

Um problema cultural e espiritual

Pode não parecer, mas o tema da lealdade é um dos cernes da paixão de Cristo. Toda a pregação de Jesus Cristo; todos os milagres eram para preparar os apóstolos para a “hora” que São Marcos frisa inúmeras vezes.

Não somos leais. Nem de longe sabemos o que é realmente ser fiel a uma pessoa. Quem ficou até o fim na Cruz foram três: Maria, mãe de Jesus; Maria Madalena e João. Todos tiveram relação com Cristo enquanto pessoa, e não como Messias, salvador ou ativista político. Só o fato de reclinar nosso peito nEle é que dá a garantia de sermos leais a Ele (Madalena se reclina nos seus pés, João no seu peito e Maria fez com que Ele reclinasse no seu seio ao amamentá-lo).

Os outros apóstolos quase sempre esperavam algo de Cristo. Judas queria que ele fosse um reformador social; Pedro queria um Messias guerreiro que libertasse Israel pelas armas; Tiago desejava sentar-se à direita dEle. O Cristo, porém, não é único, Ele se encontra presente em cada um de nós.

Ícone do Cristo sendo crucificado

Repare essa construção inicial demonstrando que a base da política deve ser a lealdade a pessoas e não a instituições, ideias ou o que quer que seja. É a base de toda a vida humana. Ser fiel a pessoa e não a coisas. Casamento; grupo de estudo; grupo de Igreja, são somente entes abstratos que no dia a dia nada significam; o que possui real significado são as pessoas que estão diretamente implicadas em cada uma dessas coisas. Quando você troca uma pessoa por valores abstratos ou por entidades abstratas, está transformando-a em coisa. Essa é a condenação ao Deus dos filósofos que São Paulo se refere.

O brasileiro, ao contrário, ama aparência, pose e títulos. Tudo o que descaracteriza uma pessoa. O que torna nossa vida volúvel não é a insegurança na criminalidade, mas a inconstância nas relações, onde um sujeito que é seu amigo de dia está lhe difamando à noite. E tudo isso é encarado com o grau máximo de normalidade. Quem se dignou a ler este texto até aqui certamente se lembrará de histórias em que sujeitos outrora amigos/aliados acabaram-lhe dando as costas na primeira oportunidade ou situação mais vantajosa.

Esse é o verdadeiro problema do Brasil: o isentismo travestido de nobres valores. O católico de IBGE; o sincretista; o protestante iletrado; o funcionário público que não se importa com o público e, agora, a raça de isentões liberais, que se aliam ao império do crime para subjugar a nação. Enquanto o brasileiro não aprender a ser fiel a uma pessoa, seja Deus, um presidente ou até seu amigo, nosso país estará preso no mais fundo padecimento moral.


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