Uma agulha para os costureiros

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É de se espantar a incapacidade de auto-organização e autogestão da direita na Bahia. Ainda que o fenômeno da Direita, enquanto posicionamento político, tenha acabado de sair dos cueiros no Brasil, esse artigo não tem por objetivo traçar alguma diretriz maior ou estabelecer um plano estratégico para consolidação, mas sim expor a volatibilidade de princípios de uns, além da imaturidade intelectual e a inépcia de outros.

Algumas categorias surgem, em princípio, como eventuais representantes dessa vertente político-ideológica no estado que fez surgir a sociedade brasileira. Seja sob a batuta de um conservadorismo puritano e quase enlouquecedor, chegando aos libertários caricatos que nunca se predispuseram a “dar um dia de serviço para ninguém”, todos os que serão abaixo listados contribuem de forma expressa para a completa desmobilização, anacronismo e, como fora dito, e expressão caricatural e pueril daquilo que a direita defende – ou deveria defender com o mínimo de dignidade. Enfim, são pessoas descoladas completamente da realidade brasileira e do século XXI. Via de regra, dividem-se em 3 grandes classes resumidas abaixo:

  • O tradicionalista que tem nojinho de povo

Esse espécime conhece todas as homilias do Padre Paulo Ricardo de cor e salteado, mas nunca fez um trabalho em alguma pastoral na sua igreja, nem quer isso. O que ele quer é arrotar Olavo de Carvalho, Chersterton e C.S. Lewis com a empáfia e pseudoerudição de quem acha que tem 80 anos de idade, mas se recusa a dar uma esmola a um mendigo ou ajudar o vizinho necessitado. Normalmente não conhece a própria cidade em que vive, não forra a própria cama e não lava o prato que come no almoço, mas adora palpitar sobre a moral alheia. Embora desprezíveis, ainda têm salvação – à base de um ótimo choque de realidade – para se tornarem gente normal e, graças a Deus, não são relevantes ao ponto de termos o trabalho de nos alongarmos por mais de 1 parágrafo para descrevê-los.

  • O servidor público antipetista

Essa figura é curiosa. Costumeiramente é uma pessoa de meia-idade, encaminhada na vida. Adora repetir jargões tais como “OLAVO TEM RAZÃO” ou “EM DEFESA DO ARTIGO 142” e demais frases de efeito. Entretanto, na real-life é tão ou mais sindicalista que o pelego mais seboso da CUT ou da Força Sindical. Existe uma necessidade premente de reforma do serviço público como um todo.

Todo mundo que possui pelo menos 2 neurônios sabe que existem funções de Estado que possuem suas particularidades e que essas funções são ínfimas em relação ao grosso que chefiam verdadeiras tropas de choque corporativistas para não cederem 1 milímetro sequer de seus pomposos privilégios. Mas voltemos ao foco principal que é o antipetismo; esses indivíduos odeiam o PT, mas não odeiam a esquerda. Nem deveriam. Estão umbilicalmente ligados ao getulismo/caudilhismo/trabalhismo maldito que assola o país. São pessoas que não se devem contar na Guerra Cultural, muito menos para endossar as reformas que o Brasil necessita.

Na Bahia, em especial, essa categoria se estabeleceu com força graças ao carlismo – que estranhamente associam ao espectro da direita, mesmo havendo dezenas de manifestações públicas de Antônio Carlos Magalhães em sentido contrário. Digressões à parte, em resumo, são pessoas que estão “à direita” pelo bel-prazer das circunstâncias. Tolos são aqueles que nutrem algum tipo de esperança de mudança de mentalidade dessas pessoas.

  • O liberal de playground

Economicistas por natureza, estúpidos por definição. Esses indivíduos são cânceres em metástase, porque acham que a vida se resume às relações de compra e venda, ou uma macro no Excel. O perfil social desse pessoal não é nada surpreendente: geralmente possuem de 16 a 30 anos, nunca trabalharam ou sustentaram algum projeto de longo prazo. Não é incomum que sejam herdeiros dos indivíduos citados no tópico anterior.

São entusiastas de clubinhos de confraria, onde reina o onanismo intelectual, onde não se debate nada no plano fático, teorizando sobre realidades paralelas. Por falta de envergadura moral, não compreendem que o Brasil é um país com o povo miserável, independentemente dos motivos, e que, antes de surgir uma Liberland dos trópicos, é preciso fechar o rombo nos estômagos das pessoas, e que isso leva algum tempo.

Há muito tempo se sabe que uma economia liberal é a mais eficiente para geração e distribuição de riqueza. Falar disso é chover no molhado. A questão é que há um predomínio intelectual esquerdista que impede ferozmente que tais princípios sejam melhor explicados para o grosso da população. Mas não, liberais não entendem – na verdade entendem sim, mas são limitados demais para assimilar isso – que é preciso um trabalho cultural real, não aqueles dos guetos ideológicos citados acima – para engendrar no debate público a ideia de que existe princípios em que o indivíduo é senhor do seu destino.

Lembro-me da exibição do filme O Jardim das Aflições em 2017 na Universidade Federal da Bahia. Os espectadores foram interpelados por uns criminosos do PCO e PSTU. Alguns liberais, num lapso de genialidade, auge do nirvana microeconômico, mas sem o menor discernimento do perigo foram cercados pelos marginais de esquerda enquanto balbuciavam no meio da confusão teorias da Escola Austríaca de Economia… e quase acontece uma tragédia!

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Essas são as 3 principais categorias de estorvo político na Bahia, embora existam muitas outras. São pessoas altamente ideologizadas, que não conseguem enxergar o mundo de maneira sóbria por mais de 5 minutos. Vivem num eterno torpor dentro de suas bolhas e possuem forte limitação intelectual. Se dependermos desses 3 desastres para fazermos frente ao Vermelhistão Brasileiro, iremos morrer antes mesmo de desembarcarmos na praia.


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