O asno egrégio – resultados de uma revolta no Brasil

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Eric Voegelin, em seu livro “Reflexões Autobiográficas”, trouxe ao meu vocabulário um insulto que nunca imaginei que seria tão corriqueiro e certeiro quando deparo-me avaliando a política no cenário nacional: “asno egrégio”. Asno é um insulto que vamos denominar como “clássico”. O sentido figurado da palavra asno é “indivíduo desprovido de inteligência, burro, ignorante em demasia”, mas o que colocou este insulto na minha rotina (principalmente lendo o noticiário nacional) foi o adjetivo menos conhecido deste vocábulo composto: a palavra egrégio.

Egrégio significa “extremamente distinto, insigne, muito importante” ou “digno de admiração, notável, magnífico”, e arrisco dizer que tanto o insulto, quanto o elogio clássico e mesmo o composto deveriam estar presentes na rotina de todo habitante da republiqueta das bananas, pois não conheci ainda nenhum povo com a capacidade que o brasileiro possui de criar subcelebridades ou podemos até chamar de “idiotas profissionais”.

Admitamos por favor que para ser brasileiro, a convivência pacifica com a idiotice é questão de sobrevivência e a profissionalização dos idiotas foi declarada a anos. Temos canais de televisão com a sua grade exclusivamente dedicada aos idiotas de carteira assinada, só que convenhamos: televisão tudo bem; teatro tolerável (é um sintoma inevitável na verdade); na literatura ok (na verdade é a febre da incultura); mas pergunto aos senhores: é realmente necessária a inclusão dos idiotas de estimação na gestão da polis?

Não teria o limite da prudência a tal “inclusão social”?

A esquerda no Brasil (fosse ela moderada, progressista ou mesmo comunista) tinha terreno fértil e hegemonia nos pleitos eleitorais. Não víamos sequer uma opção para chamar de liberal, nem um filhotinho de Ayn Rand, Hayk e Fred. E por consequência a esta hegemonia, os partidos que tentavam em algum sentido oferecer uma outra opção precisavam, para sobreviverem eleitoralmente, ceder nos setores essenciais do núcleo duro do poder gramsciano; tornaram-se, assim, servos ou inofensivos o suficiente para ter mandatos, e ter mandato não é sinônimo de ter poder.

Mas o brasileiro sentiu no bolso e no espírito que algo havia dado errado, pois a criminalidade não caía e os direitos “humanos” estavam a todo vapor. A distribuição de renda era linda, mas a economia estava travada, e em meio à revolta e a rótulos enraivecidos coloca-se um conservador no poder executivo, este assumidamente conservador, com uma equipe publicamente técnica (não é nenhum exagero chamar isso de inédito).

A onda de indignação clamou por um país diferente e o apadrinhado foi Jair Bolsonaro, homem premiado pela integridade e inteligência em sobreviver em Brasília por 25 anos, sendo ele declaradamente conservador, mas e seus congregados e aliados?

Fazer o Brasil de hoje mudar como está mudando, e ainda em meio uma guerra midiática e assimétrica é tirar agua de pedra, pois aqui justifico a entrada do xingamento em minha rotina: a direita brasileira é composta em sua maioria por asnos egrégios.

A direita brasileira ainda não compreendeu a diferença entre poder político e cultural, bem como do poder de voto e mandato. A mitada tornou-se a lacrada invertida e a bizarrice tomou o lugar da noção de verdade e realidade e a gestão da polis; a quem liga pra ela?

A direita precisa finalmente entender que idiotas não vencem guerras, quem dirá guerras culturais e de narrativas. É preciso entender o princípio regente da gestão da polis, a pauta.

A academia econômica no brasil não é liberal, e a academia de humanidades permanece tomada pela esquerda, seja ela progressista ou da linha comunista mais radical; e convenhamos que ninguém achará estranho um professor de sociologia fazendo apologia ao fuzilamento “burguês”, porém um professor de ensino religioso defendendo Pio X ou citando Lutero é algo ainda não registrado.

Lembrem-se sempre: o clero pode ser conselheiro de guerra de um rei, o bobo da corte é sempre um mero entretedor.


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About Victor Zapata

Graduando em teologia, presidente do psl jovem Porto Alegre e assessor parlamentar do Dep. Capitão Macedo. Conservador e Agostiniano

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