López Obrador, presidente do país, afirmou que a política mexicana se direcionará a um convívio pacífico com os traficantes, tendo em vista o “fracasso da guerra às drogas.” O raciocínio de López equivale a algo como “muitos estupros estão ocorrendo, logo devemos encerrar a guerra aos estupros”.
Nos últimos anos, a violência em território mexicano, grande parte proporcionada pelo tráfico e uso de entorpecentes, não mostra sinais de trégua, e a principal razão é a ausência de um sistema integrado de inteligência que combata o tráfico e a violência. No entanto, ao invés de repensar a segurança pública sob uma perspectiva sistêmica e mais eficiente, o presidente elaborou uma solução simples e rápida:
“Não há guerra (às drogas). Oficialmente não há mais guerra. Nós queremos a paz, e nós vamos atingir a paz.”
Para López, o fim do combate ao tráfico resolverá o problema. O exemplo que melhor coincide com a realidade mexicana é o da Holanda. Autoridades holandesas pensaram semelhante há alguns anos, e o resultado foi bem diferente do imaginando.
O Sindicato da Polícia Holandesa, em uma nota publicada no ano passado, afirmou que “as autoridades já são incapazes de combater o surgimento de uma economia criminosa paralela, fato responsável pelo aumento exponencial da violência”. Se isso já ocorre no México, estima-se que com a nova política governamental ainda mais sangue seja derramado.
Quem observa a situação de perto é o presidente americano Donald Trump, que em conversa com interlocutores, mostrou preocupação com os rumos adotados no país vizinho. Trump notabilizou-se em sua campanha por defender a criação de um muro na divisória entre os países, fato que acabou não se concretizando. Com a mudança na política de tratamento ao tráfico, a proposta do republicano volta a ganhar eco.
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