Contrariando o que pregou durante a campanha eleitoral, o PSDB uniu-se ao PT para vencer a eleição da presidência da Assembléia Legislativa de São Paulo. No lugar do slogan eleitoral “Bolsodoria”, o PSDB investiu na aliança com quem afirmou durante 30 anos ser o seu principal adversário político.
Cauê Macris (PSDB) venceu a disputa após enfrentar Janaína Paschoal (PSL), Mônica Seixas (PSOL) e Daniel José (NOVO). Sua principal adversária, Janaína Paschoal (PSL) já criticava a aliança entre PT e PSDB antes do início da legislatura paulista. Cauê Macris teve 70 votos contra 16 de Janaína. A candidata do PSL teve votos de toda a bancada do seu partido, a maior da casa. O tucano contou com apoio do voto de petistas e de democratas, visto que esses dois partidos dividiram a mesa diretora da casa.
A advogada, doutora pela USP e autora do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Roussef mostrava sua indignação nas redes sociais com o conluio entre os dois partidos desde janeiro de 2019. Janaína Paschoal chegou a convidar o deputado Cauê Macris para um debate político sobre propostas para a presidência da ALESP, convite esse que foi ignorado. Em uma rede social, a advogada disse ser “uma triste realidade” a união entre PT e PSDB.
A revolta por parte do eleitorado de direita do estado de São Paulo acontece porque durante toda campanha eleitoral o governador João Doria se alicerçou no candidato do PSL, Jair Bolsonaro, para angariar votos. A popularidade do presidente eleito serviu de base para o tucano, visto sua baixa aprovação como prefeito da capital paulista. Vale ressaltar que a relação de Doria à imagem de Jair Bolsonaro aconteceu desde o primeiro turno das últimas eleições. O fracasso do candidato tucano à presidência, Geraldo Alckmin, dificultou a candidatura ao Palácio dos Bandeirantes por parte de João Doria.
Por ter escrito na testa o slogan “Bolsodoria” e ter feito campanha criticando o PT e toda a ideologia de esquerda, era de se esperar que o PSDB tivesse uma postura de aliança com aqueles que os ajudaram a ganhar a eleição, e não com aqueles que pintaram como adversários.
A união entre PT e PSDB não é novidade no cenário político brasileiro. Conhecido como “falsa oposição” o PSDB acumula várias situações em que aparece como linha auxiliar do PT. Entre as mais famosas estão o pedido do ex-presidente da república Fernando Henrique Cardoso para não protocolar o pedido de impeachment do ex-presidente Lula no auge do escândalo do mensalão e as tentativas de tucanos contra a Operação Lava Jato, em especial com a ajuda do ministro do STF Gilmar Mendes, indicado à corte por Fernando Henrique Cardoso. Vale ressaltar que o PSDB é um partido fundado da dissidência de petistas no início da década de 90.
Outras posturas que decepcionaram o eleitorado da direita de São Paulo foram a união do partido DEM ao conluio entre PT e PSDB, e o fisiologismo do partido NOVO, que preferiu lançar candidatura própria ao invés de apoiar a luta contra os caciques da política paulista.