O grande discurso

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Como o discurso de Bolsonaro marca a História do Brasil e da ONU

Dia 24/09 iniciou-se a assembléia geral da ONU. Como de costume o presidente do Brasil inicia o evento realizando um discurso de abertura. Dentre as expectativas, sejam dos conservadores ou dos esquerdistas, Jair Bolsonaro conseguiu extrapolar todas elas. Esse breve artigo é apenas um relato do impacto ocasionado por esse discurso, relacionando-o com figuras políticas históricas e a perspicácia da retórica.

Winston Churchill

Winston Churchill, Primeiro Ministro Britânico no período da WWII

Quando falamos em discurso e associamos essa técnica a figuras conservadoras na política tendemos a lembrarmos inicialmente do primeiro ministro inglês: Winston Churchill. Podemos dizer que cada discurso está encarregado de uma breve missão: Encaminhar o público a concordar, reafirmar ou orientar suas idéias para um determinado padrão.

Segundo a teoria dos quatros discursos do professor Olavo, o discurso está inserido na narrativa retórica, cuja função é a de estabelecer essa ponte entre o orador e os ouvintes baseado no grau de verossimilhança entre ambas as partes. Portanto, para que o discurso tenha efeito é necessário técnica, conhecer bem para quem está discursando e quais os efeitos práticos se quer obter com aquelas palavras.

Churchill ergueu o mundo inteiro para o esforço de guerra numa época em que o mundo já se encontrava saturado delas. Até mesmo o seu aliado histórico, EUA, pretendia manter-se distante e ajudando de forma breve e simplória o Império Britânico a enfrentar o Eixo. Entretanto, a história mostrou-se outra graças aos eloquentes e apaixonantes discursos de Winston Churchill. Abaixo será exposto dois vídeos: o primeiro é um dos seus simbólicos discursos e o segundo é o atual primeiro ministro inglês, Boris Johnson, explicando como Churchill discursava.

Discurso de Churchill no Parlamento Americano, durante segunda guerra mundial
Fabulosa explicação de Boris Johnson a respeito dos discursos de Churchill

Ronald Reagan

Ronald Reagan, 40.º presidente dos Estados Unidos.

Em seguida, uma grande figura conservadora e mestre nos discursos é o presidente Ronald Reagan. O contexto histórico de Reagan era mais complicado do que o de Churchill. Quando se está na guerra, a paixão inflama as palavras e não há limite para o que pode ser dito, dada as ressalvas estratégicas e o intento de prolongar o esforço de guerra. Porém, o Reagan encontra um mundo dividido, com a cortina de ferro da URSS, há uma guerra fria em andamento. Era o advento da guerra de informações através dos serviços secretos (KGB atuava fortemente e o regime soviético abrandava para dar a falsa impressão de uma rendição dos comunistas, enquanto ela atuava nos bastidores e propiciava o inferno ao longo do mundo, em especial na América Latina).

Reagan sabia disso tudo. Sabia que precisava pesar a mão e que precisava atuar de forma mais velada e um dos seus maiores discursos representa exatamente essa dialética: Preciso dar um basta nessa guerra mas sem encaminhar o mundo para uma ainda pior. Diante do Muro de Berlim, na Alemanha Ocidental, ele profere as seguintes palavras:

Discurso de Ronald Reagan diante do Muro de Berlim: Mr, Gorbachev, Open… This GATE!

Churchill sintetiza o convite do mundo para o confronto aberto, Reagan sintetiza o confronto velado necessário para encerrar uma era de ilusões e incertezas. Bolsonaro ao se dirigir a câmara da ONU surpreende exatamente por esse motivo. Aqui, convido o meu amigo leitor a ouvir novamente o discurso ou lê-lo e, caso não for possível, se lembre do principal sentimento que ardia em seu peito. Aposto que todos dirão o seguinte: foi o primeiro presente a falar pelos brasileiros, encerrando uma série de mentiras históricas sobre o nosso país (dado os últimos eventos com o Macrón) e de forma simples e velada dizendo ao mundo todo que “Não estamos aqui para apagar nacionalidades e soberanias em nome de um “interesse global” abstrato.” (trecho tirado do discursto) E que, se não estamos aqui para esse objetivo também estaremos firmes para repelir qualquer um que queira fazer o mesmo com a nossa nação.

A palavra Soberania aparece 8 vezes no discurso e a palavra Brasil aparece 32 vezes. Bolsonaro não estava lá para falar em nome dele, mas para defender o que é nosso. Assim como o Churchill citava inúmeras vezes “Essa ilha”, “nosso império ultramarino” ou “O mundo anglo-saxônico”; e Reagan falava do “Ocidente”, “Nossa nação”, etc; Bolsonaro não deixa de reafirmar o nosso país e conclamar o mundo a respeitá-lo.

Detalhe que ele incentiva, ele convoca e até em alguns casos ele obriga o mundo a respeitar o Brasil. Já inicia o discurso dizendo sobre Um novo Brasil”, e fazendo todos ali entenderem: o que acontecia em meu território tempos atrás não vai se repetir jamais. Não teme em dar nome correto às coisas, quebrando as pernas do politicamente correto. Palavras como Socialismo, Esquerda, Ditadura aparecem facilmente e são entoadas de forma firme e convicta de quem sabe o que está falando.

Além disso, é importante chamar a atenção de que ele não faz caso ao informar o mundo de que todas as nossas instituições estão corrompidas, é categórico em afirmar:

Durante as últimas décadas, nos deixamos seduzir, sem perceber, por sistemas ideológicos de pensamento que não buscavam a verdade, mas o poder absoluto.
A ideologia se instalou no terreno da cultura, da educação e da mídia, dominando meios de comunicação, universidades e escolas.
A ideologia invadiu nossos lares para investir contra a célula mater de qualquer sociedade saudável, a família.
Tentam ainda destruir a inocência de nossas crianças, pervertendo até mesmo sua identidade mais básica e elementar, a biológica.

Presidente Jair Messias Bolsonaro, Discurso na Onu
Presidente Jair Messias Bolsonaro, em discurso na ONU

O discurso de Bolsonaro ainda evoca uma linearidade e uma conexão entre o presente de nosso país e o passado que as ideologias que invadiram nossas instituições causaram. Esse tipo de fala demonstra que o presidente está devidamente instalado na realidade do seu tempo, sabe quem é o inimigo e quão destrutivo este pode ser:

A ideologia invadiu a própria alma humana para dela expulsar Deus e a dignidade com que Ele nos revestiu.
E, com esses métodos, essa ideologia sempre deixou um rastro de morte, ignorância e miséria por onde passou.

Presidente Jair Messias Bolsonaro, Discurso na Onu

Bolsonaro relembra também o morticínio de cristãos ao redor do mundo sendo um dos primeiros chefes de estado a relembrar dentro da ONU o massacre que os cristãos sofrem no mundo inteiro. Algo sempre denotado e teclado pelo professor Olavo é a capacidade de inverter as proporções das prioridades, típico da mentalidade revolucionária, por meio do cinismo e da mentira descarada. A ONU, ao promover inúmeras normas para refrear o “massacre de homossexuais” ao redor do mundo, não emite uma notinha de rodapé a respeito do massacre de cristãos em todo o mundo, em especial na África e no Oriente Médio. Mas, Bolsonaro tenta relembrar esse dado quase esquecido e colocar-se à disposição para resolver esse problema:

É inadmissível que, em pleno Século XXI, com tantos instrumentos, tratados e organismos com a finalidade de resguardar direitos de todo tipo e de toda sorte, ainda haja milhões de cristãos e pessoas de outras religiões que perdem sua vida ou sua liberdade em razão de sua fé.

Presidente Jair Messias Bolsonaro, Discurso na Onu

Para finalizar, Bolsonaro relembra o principal objetivo da ONU. Não é estar lá para dirigir a vida das pessoas, não está lá para transformar o mundo numa máquina tecnocrática determinando leis e normas para o cidadão comum, não está lá para transformar a religião num mero instrumento de projetos de poder; mas sim para salvaguardar a liberdade, a ordem e a transcendência da vida humana:

A ONU pode ajudar a derrotar o ambiente materialista e ideológico que compromete alguns princípios básicos da dignidade humana. Essa organização foi criada para promover a paz entre nações soberanas e o progresso social com liberdade, conforme o preâmbulo de sua Carta. Nas questões do clima, da democracia, dos direitos humanos, da igualdade de direitos e deveres entre homens e mulheres, e em tantas outras, tudo o que precisamos é isto: contemplar a verdade, seguindo João 8,32:
– “E conheceis a verdade, e a verdade vos libertarás”.
Todos os nossos instrumentos, nacionais e internacionais, devem estar direcionados, em última instância, para esse objetivo. Não estamos aqui para apagar nacionalidades e soberanias em nome de um “interesse global” abstrato.
Esta não é a Organização do Interesse Global!
É a Organização das Nações Unidas. E assim deve permanecer!

Presidente Jair Messias Bolsonaro, Discurso na Onu

O discurso de Bolsonaro chama a atenção e nos faz vibrar por dois motivos:
1) Ele está sendo verdadeiro, fala em nome do seu povo e não de agendas, grupos minoritários ou ideologias. É um diagnóstico preciso e sintético de tudo o que se passou e tem se passado no Brasil. Tudo isso para o mundo inteiro ver.
2) Ele conseguiu reunir nas suas falas os dois elementos principais do início desse texto. Ele consegue somar a bravura de quem sabe estar em guerra com a esperteza de quem entende que a guerra é sutil, velada, dissimulada e os termos precisam ser ditos de forma indireta e as mensagens também assim precisam ser atribuídas.

Ele atende a todas as características do discurso retórico na teoria dos quatro discursos. É eloquente, com boa entonação de voz e é direto para o público que o quer ouvir: não os burocratas da ONU com suas loucuras ideológicas, mas sim os brasileiros que votaram e elegeram-no. Diante disso, a reação histérica e ofensiva de todos os órgãos de imprensa, de todo o show business da esquerda é somente o reflexo de sua grande capacidade de refletir o interesse dos brasileiros e não dos ideólogos de plantão.


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