Entrevista exclusiva com Cezar Leite, vereador e pré-candidato a prefeito de Salvador.
1- Quem é Cezar Leite? Qual a história dele?
Um pouco complicado colocar uma história toda em uma entrevista, então me permita ser um pouco sucinto, passando apenas pelos pontos principais que são, de fato, importantes para o seu portal.
Começando pela minha iniciação na vida pública, sempre fui inconformado, principalmente, com duas coisas: a falta de inclusão das pessoas com deficiência e a corrupção. A primeira, assumo, por ser pai – com muito orgulho – de duas crianças especiais: Filipe e Luise. A partir de 2013, com o Governo desastroso de Dilma que escancarou o que a esquerda queria para o país e empolgado pelos resultados da Lava-Jato, resolvi me unir à minha Classe, a Classe Médica, e fui mais uma voz nos movimentos que juntos fizeram coro à luta anticorrupção, movimentos estes importantíssimos para o Brasil.
Passando para 2016, já “cascudo” por participar de movimentos de rua desde 2013, fui eleito vereador sem utilizar verba pública e, por consequência, sem fundo partidário. Foram quase 7.500 pessoas que confiaram em mim a oportunidade de ser combativo e propositivo na Câmara, lutando de forma independente pela defesa da família, da propriedade, da vida, do aumento de qualidade de vida para pessoas com deficiência – inserindo-os na sociedade de forma digna e não assistencialista -, propondo diminuição de impostos e lutando para que empreender seja mais fácil aqui.
Em 2018, mais uma vez apoiado pelos ideais que acredito serem os mais corretos parti para uma nova batalha, me candidatei a Deputado Federal. Mais uma vez sem fundo eleitoral, sem padrinhos políticos, mas com garra e vontade alcancei quase 18 mil votos em toda a Bahia e fui segundo suplente. Uma vitória para o pensamento conservador aqui em nosso Estado e um ânimo para continuar acreditando que luto pelo certo.
Atualmente sou Presidente da Frente Parlamentar de Saúde Mental e Prevenção ao Suicídio e Presidente da Comissão de Assistência Social e Direito das Pessoas com Deficiência. Como cidadão, continuo com participação ativa no movimento Médicos pelo Brasil e sou apoiador do Presidente Bolsonaro na capital.
Tem muito mais coisa para falar, mas acho que consegui passar pelos principais pontos da minha atuação e história. Sei que as outras perguntas da entrevista servirão para elucidar o que não ficou muito claro.
2 – Acompanhamos suas redes sociais há algum tempo e percebemos seu engajamento com as causas das Pessoas com Deficiência que hoje é amplamente gerenciada pela Esquerda, como é a sua atuação frente a esse grupo que é majoritariamente composto por pessoas com pensamentos diferentes dos seus?
Em primeiro lugar é importante falar que o meu engajamento frente à causa das pessoas com deficiência é completamente diferente do “gerenciamento” – se é que podemos chamar assim – que a esquerda faz. Eles trabalham com o sequestro de algumas pautas, inclusive esta, e não enxergam o indivíduo como indivíduo, mas sim como uma grande massa que deve algo a eles.
Quando eu falo da inserção da pessoa com deficiência na sociedade eu não falo apenas de dar um auxílio. Não, muito pelo contrário, perpassa isso. Eu falo de inserir a pessoa, dando dignidade e oferecendo a oportunidade dela se capacitar e trabalhar para receber seu próprio dinheiro, com o suor de seu próprio trabalho.
Isso que é ser pró-vida. Isso que é ser a favor das pessoas. Dar, ao invés de um “direito” condicionado a um voto e que invalida a pessoa, a possibilidade de se identificar onde ela é boa, quais suas habilidades e inserir ela em uma profissão, em um trabalho. E eu não falo isso da boca para fora, tenho comigo Emmerson, que possui autismo e trabalha comigo no gabinete exercendo muito bem a sua função. Precisamos ver a inclusão de forma diferente, saindo do assistencialismo para a capacitação e geração de oportunidades para quem, de fato, precisa.
3 – Como você enxerga a população soteropolitana? Acha que ela está pronta para pensar em uma candidatura conservadora?
Eu não tenho dúvida de que a população de Salvador é composta majoritariamente por indivíduos de valores conservadores. É um povo que valoriza o trabalho, a família, a honestidade, a liberdade e a fé. Sempre foi assim. Essa ideia que fazem do povo soteropolitano como sendo progressista, de esquerda, é algo fabricado pelas elites políticas e intelectuais da cidade, que detém o poder da máquina pública e da comunicação de massa, e por isso conseguem gerar essa falsa impressão. Mas existe uma maioria silenciosa em nossa cidade que não se vê representada por teses que desconstroem o papel da família, que estimulam a erotização e o consumo de drogas, que vitimizam os bandidos ou que idolatram políticos corruptos.
As pessoas, em grande parte, cansaram dessa conversa de sexualidade, inversão de valores, problematização de gênero e raça, etc. Elas estão preocupadas com pautas mais dentro de suas vidas, como pagar contas, garantir uma boa educação para os seus filhos, ter segurança, promover o respeito independente de cor, gênero ou classe social, fortalecer as tradições e discutir elementos do mundo real, e não entrar nesses debates que só visam jogar as pessoas umas contra as outras e que não deveriam consumir tanto o nosso tempo e a nossa energia.
4 – Como você visualiza a eleição para prefeito em 2020? O que você pensa que vai acontecer e como imagina a sua plataforma de campanha?
Acredito que pela primeira vez na história o povo de Salvador poderá tomar as rédeas do seu destino e finalmente renunciar à escolha pelo menos pior. Por muitos anos, fomos obrigados a decidir entre a oligarquia de uma família ou o sindicalismo de uma quadrilha, muito por conta do modo como as eleições eram disputadas. Hoje as redes sociais ampliaram o debate, democratizaram as discussões. É possível acompanhar e fiscalizar em tempo real e a população está mais politizada.
Em 2018, o establishment sofreu um duro golpe com a eleição do presidente Jair Bolsonaro, porque subestimou a inteligência e o poder de indignação do povo brasileiro. Em 2020, as eleições municipais deverão trazer mais surpresas. Nossa plataforma de campanha irá contemplar as demandas reais do soteropolitano e propor soluções que deram certo em outros lugares. Não iremos focar no que é eleitoralmente lucrativo, mas naquilo que a população quer que de fato mude. Pela primeira vez uma candidatura de direita irá pontuar os problemas da cidade e colocar a perspectiva conservadora na ordem do dia.
5 – Qual a sua avaliação sobre as ações feitas pelos executivos da Prefeitura e do Governo do Estado com relação ao Corona Vírus?
Quando falamos de ações tomadas por qualquer pessoa, inclusive pelo Executivo, não podemos falar das ações apenas analisando o que foi externado para a população como motivação. Não. Precisamos observar de onde partiram as determinações e quais são as ideias que essas organizações possuem.
Quando observamos as diretrizes da OMS podemos perceber claramente a ideologia de esquerda agindo. A partir daí, gestores vinculados à ideologia de esquerda acabaram levando a ferro e fogo orientações da OMS, inclusive para cidades que não conseguiriam se manter com essas Orientações. Cidades pobres, que não possuem condição de fazer lockdown. Ano que vem a OMS vai pedir desculpas, assim como fez com o alarmismo da H1N1.
Aqui em Salvador, especificamente, as decisões foram autoritárias. Elas invadiram – e muito – a liberdade das pessoas e não foram efetivas. Houveram erros nas projeções, contradições nas medidas – como obras públicas acontecendo e obras privadas não -, mercados pequenos sem restrição e mercados grandes sim. O resultado disso? Somos a cidade com maior parada de comércio do mundo, quase meio ano parado com isso.
Desde o início defendemos o isolamento vertical, com tratamento precoce da doença, pois traria menor impacto econômico e agiríamos efetivamente no tratamento da doença, não sendo agentes passivos. Fomos, a todo tempo, agentes passivos. Não tratamos, pelo contrário, mantivemos as pessoas em casa como se fossem cordeiros.
6 – Saíram em algumas matérias algo muito interessante sobre a sua plataforma de campanha, que você quer ser eleito pela “maioria silenciosa”, você pode explicar um pouco sobre?
Como eu já bem disse aqui nessa entrevista eu não tenho dúvida de que a população de Salvador é composta, majoritariamente, por indivíduos de valores conservadores. Ponto. Só que essa maioria silenciosa, como eu bem disse e como o termo bem define, não tinha voz. É natural você achar que um grupo de pessoas é maior apenas pelo barulho – inclusive existem inúmeras histórias de batalhas que falam sobre isso.
Minha campanha vem com uma motivação principal: dar voz a essas pessoas. De fato, fazer com que elas sejam ouvidas e representadas. São pessoas que querem trabalhar e querem que os políticos não o atrapalhem. São pessoas que querem segurança, saúde e educação de qualidade. São pessoas que estão se importando em como levarão comida para casa, como cuidarão de sua família e como podem contribuir para o futuro de seus filhos e do seu país. Essas pessoas, que agora graças às redes sociais podem se manifestar, são maioria e agora acharam uma opção. Não precisam mais escolher entre o menos pior, alguém que acredita exatamente no que eles acreditam está aqui para representa-los.
7 – Sei que pode parecer uma pergunta clichê, mas é muito importante para nós saber sobre: quais são as suas bases conservadoras? E o que melhor você pode tirar de cada uma dessas referências?
Tenho me descoberto um conservador nos últimos anos, assim como a maioria da população brasileira, que também não tinha essa percepção sobre si mesma, essa identificação, por conta do monopólio intelectual e cultural exercido pela esquerda sobre nós. O professor Olavo de Carvalho tem papel fundamental em trazer luz à escuridão de ideias que dominava o debate acadêmico no Brasil. Gosto muito de Olavo de Carvalho, Roger Scruton, Russel Kirk, só para citar alguns Para mim a maior lição do conservadorismo é que a verdade é filha do tempo, como dizia São Tomás de Aquino. Estamos vivendo esse momento agora no qual, após um longo período, o joio está sendo separado do trigo e a verdade vindo à tona. Salvador pode aproveitar essa janela de oportunidade para mudar de direção e reencontrar-se com suas tradições e valores.
O Mundo Conservador agradece a Cezar Leite pela disponibilidade.