A elevação do conservadorismo na nova democracia húngara

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Recebendo 49% dos votos nas últimas eleições administrativas, Viktor Orbán continua em sua trajetória como primeiro-ministro da Hungria, com aproximadamente 70% do parlamento sob seu comando. Assim, ele segue promovendo sua visão de “democracia iliberal” e defendendo a cultura cristã.

A Democracia Defendida pelos Conservadores

Um feroz adversário da imigração em massa e das políticas progressistas, Orbán é alvo constante das críticas de instituições internacionais, veículos de mídia e analistas políticos. A democracia húngara, como todo o conceito de democracia, possui variadas interpretações. Historicamente, democracia remonta à Grécia antiga e sua essência é o poder do povo. Entretanto, é impossível definir o ideal democrático em poucas palavras devido aos diferentes modelos que existem hoje. No Ocidente, um Estado Democrático é aquele em que o poder emana do povo, que participa da tomada de decisões.

Na Hungria, Orbán e seu partido, a União Cívica Húngara (Fidesz-MPP), junto ao Partido Democrata Cristão (KDNP), garantiram 48,53% dos votos, obtendo 134 cadeiras no parlamento. Mesmo quando perderam cadeiras em 2010, Orbán manteve a maioria pois tinha 2/3 do parlamento como trunfo. Essa ascensão foi impulsionada pela insatisfação popular contra oligarcas e a incapacidade do Partido Socialista Húngaro de formar uma coalizão forte o bastante para enfrentá-lo.

Críticas e a Subversão Democrática

Apesar do domínio parlamentar, seu governo enfrenta controvérsias e resistência, especialmente da União Europeia e ONGs internacionais. A mídia constantemente o rotula com termos depreciativos como “xenófobo” e “racista”. Críticos mais moderados, como Steven Levitsky e Daniel Ziblatt, argumentam que líderes como Orbán subvertem democraticamente a própria democracia, manipulando instituições a seu favor.

Orbán reformulou distritos eleitorais e restringiu a publicidade de mídia de qualquer filiação partidária rival. Essas ações ajudaram a mitigar a perda de poder de seu partido em 2010 e fortaleceram sua posição em 2018. Apesar do Democracy Index classificar a Hungria como “democracia falha”, acusando supressão da imprensa e posições nacionalistas, muitos países do Leste Europeu estão trilhando caminho semelhante ao de Orbán.

O Desafiante Conservadorismo de Orbán

A ideia de “iliberalismo”, defendida por Schöpflin, membro do partido de Orbán, critica o individualismo extremo e as desigualdades geradas pelo liberalismo. Defende um papel mais ativo do Estado na proteção social, em contraste com a visão de um liberalismo que monopoliza a democracia.

Assim, a visão de democracia defendida por Orbán e seu partido enraiza-se em valores tradicionais húngaros, englobando o controle migratório e a preservação de tradições. Essa postura é frequentemente condenada por instituições internacionais e filantrópicas que buscam uma governança global.

A Batalha com as Elites e Soros

A crítica de Christopher Lasch aponta para a subversão democrática pelas elites, que controlam o debate público e as normas culturais. George Soros, figura proeminente em causas liberais, frequentemente embate com Orbán, que encerrou suas atividades na Hungria, resistindo ao multiculturalismo e defendendo a soberania nacional.

Lutando contra a Maré Progressista

A Hungria, sob o governo de Orbán, enfrenta a realidade de ser um país de baixa atratividade para imigrantes e refugiados, enquanto tenta se elevar democrática e economicamente diante de seu passado sob regime stalinista. Comparações com países escandinavos, como a Noruega, devem considerar o histórico político e estrutural distinto dos dois países.

O embate entre o tradicionalismo e o progressismo é evidente, com Orbán defendendo valores cristãos, rejeitando o casamento gay, o aborto e a imigração muçulmana. Esses princípios, enraizados na sua constituição e história, refletem uma resistência inspiradora a um mundo cada vez mais pressionado por forças progressistas.

O Fim que Não Pode Ser Arrancado

A luta pelo conservadorismo é uma batalha contínua que resiste à modernidade. Nossa posição é definida por um compromisso inabalável com nossos valores e identidade, mesmo diante de forças devastadoras. A grandiosidade reside em manter a tétrica honra até o fim, como o icônico soldado romano de Pompéia, que permaneceu em seu posto até ser consumido pelas cinzas do Vesúvio.

Nossa posição frente ao mundo moderno e toda sua degeneração podem ser definidas claramente com a citação de Spengler:

“Nascemos neste tempo e devemos seguir corajosamente o caminho para o fim destinado. Não há outro caminho. Nosso dever é manter a posição perdida, sem esperança, sem resgate, como aquele soldado romano cujos ossos foram encontrados na frente de uma porta em Pompéia, que, durante a erupção do Vesúvio, morreu em seu posto porque eles esqueceram de dispensá-lo. Isso é grandeza. Isso é o que significa ser distinto. O final honroso é a única coisa que não pode ser tirada de um homem.”

Referências Bibliográficas

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