O “ser conservador”, no Brasil, é bastante incompreendido. É muito utilizado para comparar um político nacional com um fascista ou nazista do passado e remexer as mazelas da humanidade para fins de assassinato de reputação. Qual é o erro?
O ser conservador implica, principalmente, em apreciar as bases da nossa civilização, e esse apreço é baseado numa consciência de que apenas sob essa experiência histórica é possível construir uma comunidade dotada das nossas singularidades morais, filosóficas e culturais que foram responsáveis pela construção do Ocidente.
Essas singularidades dão origem ao nosso modo de vida e ditam o comportamento que, de certa forma, estabelece um parâmetro de vida social. Essa sociedade é apta para aceitar e conviver com diversas culturas, sem impor o seu modo de vida ou de pensamento, visto que a civilização ocidental propõe que tanto as fronteiras como a cultura nacional são frutos de uma experiência singular de povos e heróis que desbravaram e dominaram aquele território, fazendo a demarcação de suas fronteiras.
A história dessa demarcação e deste desbravamento gerou uma série de usos e costumes que são próprios daquela nação e daquele povo. Esses costumes afirmam a herança e honram o esforço dos heróis nacionais, transmitindo como pedagógicos os seus valores e grandes feitos.
O ocidente tem, em média, 25 a 30 séculos. São 100 gerações. É uma construção civilizacional que compõe-se de elementos da filosofia grega, direito romano e fé cristã. Demonstra uma forma de ser, um comportamento diante da existência. Consiste em uma valorização do esforço ancestral.
Para definir pragmaticamente o que querem os conservadores, precisamos entender que não existe um projeto de nova civilização. O que existe é o amor pelos frutos que constituem as conquistas da nossa história. E com o amor vem o desejo de proteção.
Embora, para alguns, pareça óbvio, políticos como Jair Bolsonaro, Donald Trump, Savini, Farage e Boris precisaram se alçar ao poder para proteger a validade da tradição e o direito comum.
Em meio a tantos projetos e ofertas de mundo perfeito, os conservadores não terem um mundo ideal para oferecer é algo que pode parecer inacreditável. A política, nos últimos dois séculos, se resumiu a promessas vazias de um “mundo melhor”.
O conservadorismo, hoje, é uma contra-cultura, que opõe-se aos últimos séculos de ideologias revolucionárias. O conservador confia na sociedade com todas as suas imperfeições. Valoriza as experiências históricas e os valores ocidentais.
Se você é cético quanto à politica, valoriza a história, é avesso à revoluções utópicas e acredita na instituição familiar, permita-me afirmar que és um conservador.