Entenda a falsa defesa das mulheres vista no último debate

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No ultimo Domingo, dia 28, aconteceu o primeiro debate entre os presidenciáveis. A Rede Bandeirantes, em parceria com os veículos Folha de São Paulo, UOL e TV Cultura, reuniu os candidatos Ciro Gomes, Lula, Simone Tebet, Soraya Tronicke, Felipe D´avila, além de Jair Bolsonaro.

Foram muitos os assuntos abordados no evento. Felipe Telles abordou em maiores detalhes neste artigo. Aqui, vamos pinçar um tema que era completamente desnecessário no debate, mas que foi explorado de forma absurda: o feminismo.

Em um bloco de perguntas dos jornalistas, Thais Oyama questionou Simone Tebet sobre o feminismo. Alias, um adendo: a seleção de “profissionais” para interpelarem os candidatos foi de dar dó. A impressão que se teve é que foram escolhidos a dedo somente aqueles que sempre se colocaram contra o presidente Bolsonaro. O único jornalista que se pode chamar de isento é Rodolfo Schneider, que trabalha na Rede Bandeirantes no Rio de Janeiro (e foi o único homem, diga-se de passagem). O restante, apenas militantes progressistas que não podemos chamar de jornalistas. Darei os nomes: Thais Oyama, Patricia Campos Mello, Monica Bergamo e Vera Magalhães (desta falarei por último).

Voltando à pergunta de Oyama:

“Candidata, a senhora tem enfatizado na sua campanha o fato de ser mulher. Seu slogan é: mulher vota em mulher. E a senhora também já disse que gostaria de ser vista como uma feminista. Já a candidata Soraya Tronicke afirma ter restrições ao que considera ser, por vezes, um comportamento vitimista da parte de algumas mulheres. Ela já disse, por exemplo que, diante de uma acusação de estupro, ‘não é porque a acusadora é mulher que tem razão’. Minha pergunta é: em que medida a senhora concorda ou discorda da candidata Soraya?”

Ouso dizer que foi a pergunta mais desnecessária do debate; aliás, com exceção de Rodolfo Schneider, todas as demais jornalistas traçaram como único objetivo fazer perguntas com a tentativa desesperada de causar polêmica. Em que um questionamento desse ajuda na construção de um país melhor? O que deveriam ser discutidas não são as ideias que podem fazer o país avançar? O que ganha o telespectador com uma pergunta sem sentido como esta?

Se a pergunta já foi desnecessária, a resposta foi vergonhosa:

“Ser feminista é defender o direito das mulheres, e não tem lado, não é a esquerda ou a direita que vai capitanear essa pauta (…) Sabe o que é ser feminista no Brasil hoje? É olhar para essas mulheres que estão nas barracas de lona em praças públicas, alimentando no seio uma criança e ela mesma com fome, porque teve que dar o resto de comida para seu filho mais velho. É defender, como eu e Soraya defendemos, a igualdade salarial entre homens e mulheres (…) Não é possível num país majoritariamente feminino, que somos maioria no colégio eleitoral, na mesma função, com a mesma atividade, com a mesma competência ganharmos até 20% menos. Se formos negras, então, chegamos a receber 50% menos (…) Nós precisamos de uma mulher para arrumar a casa, nós precisamos de uma mulher para pacificar o país, para dar credibilidade, para fazer com que esse ódio que hoje divide definitivamente chegue ao fim. Ninguém fala de política na mesa do domingo porque não quer mais criar confusão (…) Ser feminista é respeitar as mulheres que pensam diferente.”

A primeira fala é absurdamente mentirosa. Afirmo, com todas as letras: ou Tebet não conhece nada acerca do feminismo ou é canalha. Não há terceira via nesta caso (e nem na eleição). E nas linhas a seguir, quero explicar um pouco da história do movimento.

O movimento feminista iniciou-se com a publicação da obra “Reinvindicação dos direitos da mulher”, de autoria de Mary Woolostonecraft. Com muita sutileza, ela até exaltava valores cristãos, porém defendia alguns pontos que são característicos da pauta progressista: escolarização universal, pública, obrigatória e mista. Ela dizia que os pais eram incapazes de conduzir seus filhos à razão. Logo, os pequenos deveram ser entregues à servidores públicos para serem educados. Alexandra Kollontai explorou isso com mais abrangência na obra “A família e o comunismo”. Mary defendia esse ponto de vista por estar bebendo da fonte da Revolução Francesa, que pôde assistir de camarote.

Mary, ao criticar a educação particular (o que conhecemos hoje como homeshchooling), dizia: “Não acredito que faça as maravilhas que alguns escritores otimistas têm lhe atribuído.” Ora, a história mostra que, quanto mais se fomenta o tipo de educação defendida por Mary, mais homens e mulheres se tornaram libertinos e imorais. A educação pública e mista jamais cumpriu suas promessas de progresso e igualdade.

Já na Primeira Onda Feminista, uma ideia difundida era a de que as mulheres não tinham direito à propriedade, dinheiro ou herança. É necessário salientar que, sim, a prerrogativa do direito de posse foi masculino; contudo, as mulheres sempre eram assistidas por estes homens. Na Inglaterra, por exemplo, mesmo após reformas, os homens continuavam obrigados a sustentar as mulheres. Ou seja, elas nunca estiveram desamparadas.

A autonomia financeira não era uma preocupação para a maioria essencialmente por dois motivos: se supunha que as mulheres (casadas ou não) não pudessem ganhar seu sustento ou se pretendia evitar que ficassem à mercê de trabalhos pesados ou perigosos, que eram praticamente os únicos oferecidos na época.

Em relação à inserção das mulheres no mercado de trabalho, é importante explicar que, nos empregos pesados e perigosos, elas se introduziram pela fome, necessidade ou guerra. Nunca o movimento feminista foi o responsável por este fenômeno.

Sobre o voto, em todo o Ocidente este ato estava interligado ao dever de servir ao Exército. Este era um dos motivos pelos quais existiam movimentos anti-sufragistas liderados por mulheres (o que é abafado pelo movimento feminista, pela mídia e pela história). E ao receberem direito ao voto sem esta obrigação, não houve conquista de direitos iguais, mas um privilégio.

E agora, abordando o que Tebet falou sobre desigualdade salarial: as feministas nunca falam sobre o trabalho em sim, mas sempre sobre salário ou mercado. Mulheres e homens apresentam desigualdade de ganhos porque há trabalhos diferentes, logo, remunerações distintas. Homens não veem impedimento ao escolherem um trabalho por conta do sustento da família, principalmente. Mulheres, diferentemente, optam por trabalhos que sejam próximo de casa ou da escola dos filhos, que possua um horário mais flexível e menos pesado. Mulheres que estão em cargos cujo trabalho é pesado ou perigoso o fazem por extrema necessidade, pois, quando não, estão em ocupações mais “leves”; logo, que pagam menos.

Espero que Tebet tenha acesso a este artigo e aprenda de uma vez por todas que o feminismo não tema absolutamente nada a ver com direitos da mulher.

Agora, tratemos da Vera Magalhães. No bloco das perguntas, a jornalista se dirigiu ao candidato Ciro Gomes, questionando sobre o plano de vacinação:

“A cobertura vacinal no Brasil vem despencando nos últimos anos. Para a vacina tríplice viral, foi de 71% em 2021 e ainda não chegou a 50% nesse ano. A da poliomelite, que já chegou a ser de 93% em 2012, caiu a índices um pouco superiores a 60%. Queria saber do senhor em que medidas o senhor acha que a desinformação sobre vacinas, difundida inclusive pelo presidente da República, pode ter contribuído, além de agravar a pandemia de COVID-19 e causar mortes que poderiam ter sido evitadas, também para desacreditar a população quanto à eficácia das vacinas em geral.”

Observem a pergunta da Vera: ela culpa o presidente de ter contribuído para agravar a pandemia, tentando, de modo mequetrefe, atestar o ataque de “genocida” que Bolsonaro vem sofrendo desde então. Mas a primeira vacina DO MUNDO foi aplicada em DEZEMBRO DE 2021, NA INGLATERRA. Em JANEIRO, já havia doses no Brasil.

Bolsonaro respondeu: “Vera, você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro.” Apenas esta fala do presidente foi a desculpa perfeita para que seus coleguinhas da extrema imprensa e artistas (globais, em sua maioria) tomassem partido de Vera, ao afirmarem que ela sofreu um “ataque”. Oras, onde está a pluralidade de ideias? Não podemos mais discordar, pois logo seremos taxados de violentos e agressivos? E mais uma narrativa feminista foi colocada no debate de forma desnecessária.

Tebet havia dito que o feminismo é a defesa das mulheres, não? Se fosse, como explicar a ausência do movimento feminista para defender a ex-ministra Damares Alves?

Damares contou seu testemunho: foi abusada quando era criança e, aos dez anos, subiu em uma goiabeira para se enforcar. Ela conta que, neste momento, viu Jesus, que a convenceu de não cometer tal barbaridade contra sua vida. Esta é uma verdadeira história de superação, que foi motivo de zombaria por Vera.

A jornalista, à época da fala de Damares, comandava o programa 3 em 1, na Jovem Pan. Na bancada, Vera, Joel Pinheiro e Carlos Andreazza (um time de dar dó, senhores). Ao relatar, já no fim de uma das edições do programa a história de Damares, Vera disse ter se lembrado de uma música do conjunto Harmonia do Samba, denominada “Bicho da Goiaba”, numa clara falta de respeito àquela história trágica e à fé de Damares. Porém, a bancada vergonhosa não parava de rir da situação.

A pergunta que me fiz à época foi: onde estão aqueles movimentos que dizem defender as mulheres? Onde estão aquelas escandalosas que sempre reclamam que as mulheres estão sozinhas e desamparadas, mas que não se manifestam sobre este absurdo!

É necessário entender de uma vez por todas: o feminismo não é para proteger mulheres. É uma ideologia que só blinda quem faz parte da sua patota! Doutra sorte, você será feita de gato e sapato pelas mesmas que dizem te defender.


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