Há algumas coisas que são irrefutáveis; uma delas é a matemática. Dois mais dois serão quatro em qualquer lugar do mundo, até na lua. Outra coisa que também é (ou deveria ser) inquestionável são os cromossomos, que são estruturas altamente organizadas de uma célula, que contém o material genético de um organismo.
O cromossomo está intimamente relacionado à determinação do sexo e a herança genética: XY para eles e XX para elas; claro que podem existir problemas genéticos que desencadeiem deformidades sexuais, mas em uma situação normal, a regra é essa.
Nos homens, a testosterona, produzida nos testículos, tem a ação de desenvolver as características sexuais nos homens (maturação de órgãos sexuais e formação da bolsa escrotal). Atuam também na formação de características secundárias masculinas (voz grossa, desenvolvimento de pêlos, barba. Inclusive, é por conta da alta concentração de testosterona que homens são mais fortes do que as mulheres.
Nas mulheres, o estrógeno, hormônio feminino produzido pelo ovário, atua no desenvolvimento de características sexuais secundárias nas mulheres.
Contudo, vivemos em um uma realidade onde a militância possui mais “credibilidade” do que a ciência; e o ativismo LGBT agora se utiliza de pessoas trans para avançar com sua agenda, como no esporte.
O transssexual é uma pessoa que não se identifica com o sexo biológico com o qual nasceu, ou seja, é alguém que não se sente adequado ao gênero que recebeu no nascimento; isso é o resultado da disforia de gênero.
O diagnóstico da disforia de gênero geralmente é feito por um psicólogo, sendo recomendado também a avaliação de uma equipe multidisciplinar, incluindo endocrinologista, assistente social e enfermeiro; normalmente é confirmada em casos onde as pessoas sentem por seis meses ou mais que seu sexo de nascimento é incompatível com sua identidade de gênero, tendo aversão à sua anatomia, além de sentir angústia extrema, perdendo a vontade e a motivação para realizar as tarefas do dia-a-dia.
Segundo estudo publicado no Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Quinta Edição (DSM-5), no ano de 2021, estima-se que 0,005 a 0,014% dos homens com o sexo em que nasceram e 0,002 a 0,003% das mulheres com o sexo em que nasceram preenchem os critérios diagnósticos para disforia de gênero. Muito mais pessoas se identificam como pessoas trans, mas não atendem os critérios para disforia de gênero.
Hoje existe uma discussão sobre a inclusão de transexuais como atletas, o que é válido. Contudo, o que temos visto na prática são mulheres biológicas sendo excluídas para que homens biológicos ocupem este espaço – lembrem-se do que falamos sobre cromossomos e hormônios no início deste artigo. Vamos a alguns exemplos.
A nadadora Lia Thomas é primeira mulher trans a ser campeã em liga universitária. Ela ficou com a primeira colocação nas 500 jardas (cerca de 457 metros) livre e ainda alcançou sua melhor marca pessoal. Lia competiu por três anos na equipe masculina antes de passar pelo processo de transição de gênero; e aqui está o problema: após analisarmos hormônios e cromossomos, como podemos presumir que uma mulher trans possa competir com um mulher biológica?
Sebastian Coe, ex-medalhista olímpico e presidente da World Athletics, órgão dirigente do atletismo mundial, se manifestou sobre o caso de Lia Thomas:
“O gênero não pode superar a biologia. Você não pode ignorar o sentimento público, claro que não. Mas a ciência é importante. Se eu não estivesse satisfeito com a ciência que temos e os especialistas que usamos e as equipes internas que têm trabalhado isso por um longo tempo, se eu não estivesse confortável com isso, este seria um cenário muito diferente.”
A ex-jogadora de vôlei, Ana Paula Henkel, se manifestou sobre isso em sua conta do Twitter:
“Lia Thomas, atleta trans e a nova ‘campeã’ de natação da liga universitária dos EUA. Sua genética masculina desclassificou meninas, bateu recordes e recebeu troféus no esporte feminino. Respeito como as pessoas escolhem viver suas vidas, mas jamais aplaudirei isso no esporte.”
E por conta do ativismo e da militância – que não leva me consideração a ciência – todos que se atrevem a questionar este tipo de inclusão recebe imediatamente o rótulo preconceituoso de “transfóbico”.
Foi o que aconteceu com o deputado federal Nikolas Ferreira; no último dia 8 de Março, na tribuna da Câmara dos Deputados, o parlamentar realizou um discurso em defesa das mulheres. Contudo, por ter sido criticado pelo simples fato de ser homem, Nikolas resolveu pôr uma peruca e falar como “deputada Nikole”, fazendo alusão ao gênero fluído – identidade de gênero e/ou expressão que abrange tanto masculino quanto feminino.
Não nos atentaremos ao uso desnecessário da peruca, mas ao discurso em si. Analisemos:
“As mulheres estão perdendo seu espaço para homens que se sentem mulheres. Qual o perigo disso? Eu, por exemplo, posso ir para a cadeia caso seja condenado por transfobia. Por que xinguei, por que pedi para matar? Não! Porque no dia internacional das mulheres, há dois anos, eu parabenizei as mulheres XX. Ou seja, é uma imposição: ou você concorda com o que eles estão dizendo, ou você é um transfóbico, homofóbico e preconceituoso. E aqui estou defendendo a liberdade de um pai recusar que um homem de dois metros de altura entrar no banheiro da sua filha sem você ser considerado um transfóbico. Liberdade das mulheres que estão perdendo seu espaço nos esportes, até mesmo em concurso de beleza (…)”
Por conta deste discurso, a deputada esquerdista Tábata Amaral tentou rebater Nikolas:
“Estamos falando de um homem que no Dia Internacional das Mulheres, tirou o nosso tempo de fala para trazer uma fala preconceituosa, criminosa, absurda e nojenta. A transfobia ultrapassa a liberdade de discurso que é garantida pela imunidade parlamentar. Transfobia é crime no Brasil. É importante dizer e convidar outros parlamentares a se somarem, que eu, ao lado da bancada do PSB e de muitos outros parlamentares, estou nesse momento entrando com pedido de cassação do mandato do deputado Nikolas Ferreira”
Em nenhum momento Nikolas cometeu o que chamam de trabsfobia, apenas atentou ao óbvio: as mulheres biológicas estão perdendo seu espaço.
Cabe ressaltar: a inclusão é deveras importante. Afinal, antes de ser homem, mulher, trans ou não, estamos falando de seres humanos; contudo, é necessário nos pautarmos em ciência, e não em “achismos”. Os fatores biológicos – inclusive os que trouxemos aqui – não desaparecem simplesmente porque a pessoa não se identifica com o sexo com o qual nasceu, logo, isto deve ser levado em consideração para que não haja injustiças.