Os mais jovens talvez não conheçam um dos desenhos mais famosos dos anos 60: Corrida Maluca, uma produção da empresa Hanna Barbera, foi uma série de 34 episódios, que mostrava vários pilotos de diversos perfis competindo pelo posto de “Corredor mais louco do mundo”.
No dia 16 de Agosto foi dada a largada de mais uma “corrida maluca“, desta vez, a eleitoral. Vários candidatos, de perfis completamente distintos, buscam conseguir uma vaga no Legislativo e no Executivo. E para isso terão que convencer o eleitorado, cada vez mais exigente, de que são competentes e que podem exercer – com transparência, pelo menos – seus mandatos.
Assim como no desenho clássico, alguns candidatos estão dispostos a tudo para conseguir concretizar seu plano de poder, da mesma forma que ocorreu em 2018. Um exemplo é Marcelo Freixo, ex-PSOL, agora componente do Partido Socialista Brasileiro (PSB). Freixo, aparentemente ateu, esteve no primeiro dia de campanha na Igreja Nossa Senhora da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro. Acompanhado de seu vice, André Ceciliano (presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro – Alerj) subiram as escadarias da Igreja, inclusive encontrando-se com Alessandro Molon, candidato ao Senado.
Outra situação inusitada de Freixo foi sua fala recente sobre a legalização das drogas. Parece que, como o personagem Dick Vigarista, que planeja artimanhas para tentar vencer a corrida, Freixo calcula milimetricamente seus passos. Ele, que até pouco tempo atrás, defendia uma “dosagem segura para om uso de crack”, agora diz ser contra a legalização de entorpecentes.
“Não. Não sou mais a favor (da legalização). Não acho que isso vai nos ajudar nesse momento no Brasil.”
Inclusive, Cidinha Campos, à época, deputada estadual pelo PDT, denunciou o então colega parlamentar, por conta de um projeto de lei do PSOL, que visava criar o “Dia da Memória, da Verdade e da Justiça”. O problema é que o tal projeto visava homenagear Edson Luis, estudante assassinado no período militar; e Cidinha expôs que isso não terminaria bem:
“É o partido dos abutres PSOL), que vive comendo a alma dos mortos para se projetar politicamente (…) O que eu não defendo é o uso que se faz das palavras (…) É como eles fazem o aparte aqui: começa com Edson Luis e acaba na maconha.”
Outro que está na “corrida maluca” é Ciro Gomes. Autoprojetado como “terceira via”, Ciro tem atacado constantemente seus opositores Lula e Jair Bolsonaro. Ele só esqueceu de que possui telhado de vidro.
Em um vídeo publicado recentemente, Ciro aparece adentrando uma igreja católica em uma missa. “O que há de errado?”, talvez pergunte o eleitor: Ciro já declarou que odeia a moral católica!
No discurso em questão, Ciro falava acerca da influência do dinheiro na política de acordo com princípios católicos e protestantes. E para resolver o problema, ele decide (ora, vejam só!) acabar com ambos!
“Não quero estatização, eu quero controle social, eu quero o fim da ilusão moralista católica (…) Temos que achar uma equação para resolver essa relação entre dinheiro e política, que também se liberte da moral católica, da moral neopontecostal.”
Alguns dados políticos sobre Ciro Gomes desconhecidos pela maioria: foi prefeito de Fortaleza em 1989 e, no ano seguinte, foi eleito governador do Ceará. Foi Ministro da Fazenda na gestão de Itamar Franco. Foi filiado do PSDB até 1996, quando ingressou no recém-criado PPS. Candidatou-se pela primeira vez à presidência da República em 1998.
Ciro sempre gritou aos quatro ventos que a Educação município de Sobral (CE) é a melhor do Brasil. Porém, assim como faz Dick Vigarista, Ciro esconde a verdade.
Uma reportagem intitulada “Educação do Mal” (disponível no YouTube) retrata a adulteração que era realizada nas notas escolares, maquiando resultados e fazendo com que Sobral se tornasse referência em Ensino.
Na animação, todos sabem que Dick Vigarista é, como o próprio nome diz, um vigarista; todos os pilotos sabem que ele será capaz de cometer as maiores loucuras para vencer. Então, a atenção de todos é voltada exclusivamente a ele. Mas, quem assistiu sabe que todos os pilotos cometem uma infração aqui e acolá para vencerem a corrida, e isso não é bom.
Neste quesito podemos incluir alguns nomes que se autodeclaram “direita”. Um bom exemplo é o de Janaína Paschoal. Deputada estadual, ela tenta uma vaga para o Senado e reclama de não ter o apoio do presidente. Porém, a memória de Janaína padece de cuidados, pois a mesma dizia que Jair Bolsonaro deveria ser destituído da presidência. Falamos sobre isso em um artigo há alguns dias.
Outro que se diz “injustiçado” é Abraham Weintraub. Ele se auto proclamou candidato ao Governo do Estado de São Paulo à revelia da decisão de Bolsonaro, e mesmo assim queria apoio. Obvio que o presidente manteve-se firme em sua decisão de indicar Tarcísio Freitas e Abraham, ao contrário de Janaína, desistiu da disputa.
Alguns conservadores relatam ter dúvidas sobre em quem votar. Para ajudar, trago aqui itens importantes que devem ser levados em consideração no momento da escolha:
- Verifique o que o candidato fez no passado: ainda que seja sua primeira eleição, é possível saber quais causas foram apoiadas pelo aspirante à vida política. A relação com sua família também é importante, pois uma pessoa com uma boa formação de caráter será um bom político.
- Verifique projetos de lei relevantes: há parlamentares que se gabam dizendo “fiz mais de 100 projetos”, porém 90 são apenas trocas de nomes de ruas e monumentos históricos, nada de concreto e que vá mudar a vida daquela sociedade. Procure no site da Assembléia Legislativa ou da Câmara Municipal do seu Estado quais projetos relevantes foram propostos e/ou votados.
- Verifique o que este candidato pensa sobre Jair Bolsonaro: não trato aqui de fanatismo, mas de lealdade. Muitos que se elegeram às custas do presidente se voltaram contra ele porque fizemos vistas grossas, não nos atentamos aos detalhes, fechamos os olhos para muitas coisas que pensávamos ser sem importância. Muito mais do que ter Bolsonaro na presidência outra vez é permitir que ele tenha uma base sólida e fiel, que irá ajudá-lo a implementar bons projetos para o Brasil.
Nesta “corrida maluca” que é a eleição, a coisa mais importante que devemos fazer é jamais prostituirmos nossa alma, seja por dinheiro, poder ou qualquer outra coisa. Só conseguiremos eleger bons parlamentares se fomos bons cidadãos. Nossa escolha é reflexo do que somos.