Até a alguns anos atrás, o segmento artístico era formado por pessoas que faziam sucesso em virtude unicamente do seu trabalho, quer seja na música, quer seja na indústria cinematográfica ou em outra parte do ramo. A sexualidade, embora nítida, era colocada em segundo plano, pois não era o mais importante, nem para o artista, muito menos para o público.
Freddie Mercury, líder da banda de rock Queen, é um desses exemplos. Homossexual, Freddie não militava em torno de sua sexualidade, muito menos fazia questão de expor seus relacionamentos, sua vida íntima. Seu único objetivo era fazer com que sua banda atingisse o sucesso e permanecesse lá, e assim aconteceu.
Porém, desde aquela época, a mídia (engatinhando em cumprir uma cartilha globalista) tentava forçar situações em que a sexualidade fosse tratada como mais importante do que o artista em si. O próprio Freddie foi vítima desta insanidade. Em 1985, Queen participou da primeira edição do Rock In Rio e Mercury foi entrevistado pela jornalista Glória Maria, que, à época, trabalhava para a rede Globo. Por duas vezes ela fez a mesma pergunta ao artista, que perdeu a paciência (com razão):
-Freddie, é verdade que a música “I want to break free” é dedicada à comunidade gay?
-Absolutamente não. Essa música, para começar, é de autoria de John Deacon, e ele é bem casado, tem uns quatro filhos. Não sei de onde você tirou a ideia. Não tem a ver com gays.
-É verdade que a música “I want to break free” é dedicada ao público gay?
-Eu já falei isso, viu? Estou te ajudando. Próxima pergunta.
Porém, em nossos dias e com o avanço da agenda globalista, o meio artístico é cada vez mais formado por militantes e menos por personalidades talentosas. Não é mais necessário que o artista demonstre seu talento e seu trabalho: basta dizer que sua opção sexual é XYZ e será ovacionado. E os mesmos contam com o “apoio” (que pode facilmente ser chamado de ditadura da opinião) das redes sociais: quando um usuário publica algo em discordância com a agenda progressista, a “paz”, o “amor”, e a “tolerância” que tanto pregam se vai pela janela e rotulam o mesmo com os adjetivos mais abjetos, culminado com a expulsão do usuário da plataforma.
Foi o que aconteceu com o professor Jordan Peterson. O autor do best seller “12 regras para a vida” foi suspenso do Twitter unicamente por utilizar o pronome feminino ao se referir à atriz Ellen Page.
Recentemente, Ellen se autodeclarou homem trans, inclusive realizando mastectomia (cirurgia para a retirada das mamas), e exige ser chamada pelo pronome masculino. Ela atua na série “The Umbrella Academy”, da Netflix.
Eis o que Peterson escreveu em sua conta que o levou à suspensão:
“Lembra quando o orgulho era um pecado? Ellen Page acabou de ter os seios dela removidos por um médico criminoso”
Peterson disse ao National Post que “preferia morrer” a deletar o tweet, dizendo: “Não há regras no Twitter exceto não fazer o que você não gosta hoje. Eles são sempre aplicados post hoc por algoritmos e idiotas empenhados em manter sua superioridade progressiva.”
Peterson diz que a linguagem é uma ferramenta de comunicação muito importante, e se alguém, por respeito à outra pessoa, quer dizer “ela” quando é “ele” (ou vice-versa), ou quer dizer por um nome diferente de seu nome de nascimento, é totalmente válido; porém ninguém deve ser forçado a fazê-lo, muito menos por pessoas que não conhece ou merece respeito.
Nota-se que tanto a postura da atriz como a da plataforma é obrigar que o diferente seja respeitado. Ora, se é por obrigação, então não é respeito, mas submissão, subserviência. E é desta maneira que funciona a agenda LGBT: o objetivo final nunca foi que o homossexual fosse respeitado como cidadão, mas sim a imposição de uma agenda que obrigue a sociedade (através da legislação) a se sujeitar ao coletivo.
Em 2006, foi realizada uma conferência coordenada pela Comissão Internacional de Juristas e o Serviço Internacional de Direitos Humanos. Esta conferência teve como objetivo o início da implementação da agenda de gênero no meio jurídico. O documento final, denominado “Princípios de Yogyakarta”, traz em um de seus trechos:
“Todos os Estados deverão deverão tomar todas as medidas legislativas, administrativas e de outros tipos que sejam necessárias para respeitar plenamente e reconhecer legalmente a identidade de gênero autodefinida por cada pessoa.”
Ou seja, não é a conquista do respeito pelo trabalho e pelas virtudes, mas a obrigação do “respeito” via judiciário.
Analisando isso na prática, trago um exemplo que ocorreu recentemente na cidade de Niterói, no Estado do Rio de Janeiro: o vereador Douglas Gomes (PL) foi condenado à prisão por “transfobia”. O crime: Douglas se referiu ao vereador transsexual Benny Briolli como “homem”.
A decisão da condenação é da juíza da 2ª Vara Criminal de Niterói, Claudia Monteiro Albuquerque. Segundo a magistrada, mesmo que o vereador não tenha xingado diretamente Benny Briolly, ele teria “ofendido” sua dignidade usando o gênero masculino ao se referir ao vereador trans nas redes sociais.
O parlamentar não deverá ser preso imediatamente. De acordo com a sentença, deverá prestar serviços comunitários durante cinco horas na semana, fornecendo salário mínimo a uma instituição apontada pela Justiça. Além disso, o vereador deverá doar cestas básicas.
Aplicando o argumento do professor Jonathan Peterson, podemos fazer a seguinte pergunta: tanto a atriz como o vereador trans, com estas atitudes, conseguem o respeito dos demais? Não poderiam fazê-lo através do seu trabalho? Não poderiam conquistar a admiração dos demais através da atuação em suas áreas? Por que se utilizar de terceiros para obrigar que se “respeite” o diferente?
Porém, muitos ainda se submetem à cartilha LGBT (financiada por partidos de esquerda) para “exigir” um respeito e admiração que viria naturalmente com seu trabalho. Os homossexuais que fazem parte deste círculo mal sabem que estão apenas sendo utilizados como massa de manobra para uma reengenharia social.