Um dos meus estudos preferidos em História é a Mitologia Grega. Quando criança, assistia ao “Hércules”, produzido pela Disney e me chamava a atenção todos aqueles traços arquitetônicos presentes na cultura.
Embora houvesse templos espalhados por Atenas para adoração, a morada dos deuses era o Monte Olimpo. A estrutura era formada por palácios enormes sustentados por colunas brancas e douradas. Outro ambiente importante descrito em citações antigas é o salão de festas onde aconteciam os grandes banquetes, regados a néctar e ambrosia, e várias histórias. Um local situado bem ao alto do palácio com visão ampla da terra, onde os deuses observavam o que acontecia com os humanos, como seus avanços, retrocessos, grandes destaques materiais, intelectuais, construções significativas, etc, sendo todas os acontecimentos anotados.
Mas, e se eu te disser que existe um Monte Olimpo no Brasil? Sim, é o Supremo Tribunal Federal, local onde ficam encastelados os “deuses” togados da magistratura. Assim como os deuses gregos, até refeição própria nossos iluministros possuem – lagosta e vinhos. Existe apenas uma única diferença entre os deuses gregos e os togados tupiniquins: na mitologia, os deuses sentiam prazer em interagir com o ser humano; inclusive. alguns chegaram a se casar com mortais. Contudo, a turma da “capa preta” se isolou em seu castelo no meio do país e evita ao máximo sair, pois detestam a convivência com os demais. Só que, às vezes, é necessário descer do Monte Olimpo para saber, pelo menos, a quantas anda a popularidade.
Nos dias 14 e 15 de Novembro ocorreu a Lide Brazil Conference, em Nova Iorque. O Lide – Grupo de Líderes Empresariais – pertence ao Grupo Doria, do ex-governador João Doria. Mais de 260 empresários e convidados estiveram presentes, além de alguns ministros do Supremo: Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Dias Toffoli. E quando os brasileiros residentes na terra da liberdade souberam disso, foram tratar de se encontrar com os “deuses”.
Gilmar Mendes foi tratado com a delicadeza digna que lhe confere suas ações no cargo que ocupa: “Gilmar Mendes, seu vagabundo. Olha aí o bandido. Gilmar Mendes, seu vagabundo, filho da p…”. Para quem possa reclamar de alguma agressividade, pense: como tratar alguém que se empenha em soltar bandidos de alta periculosidade? Eu, particularmente, dei um apelido menos raivoso ao ministro: laxante; afinal, solta apenas quem não presta.
Alexandre de Moraes foi abordado em um restaurante. O brasileiro que está gravando disse que o iluministro estava gastando o “dinheiro do povo brasileiro” em frases que intercalavam entre a português e inglês. Ao final, ele xinga o ministro do Supremo de “vagabundo” e comemora com outras pessoas que estão fora do restaurante.
Luis Roberto Barroso também foi “aclamado” nas ruas; um senhora chegou até ele e disse: “Olha só quem está aqui! Como vai o senhor?“. Ele disse estar bem e “feliz pelo Brasil”. Então, a senhora diz: “Nós vamos ganhar essa luta. O senhor está entendendo? Cuidado, hein! O povo brasileiro é maior do que a Suprema Corte. Foge!”
Em outro momento, porém, o togado não teve a mesma finesse para responder: um homem op questiona durante a entrada no local do evento: “O senhor vai responder às Forças Armadas? Vai deixar o código fonte ser exposto? Brasil precisa dessa resposta ministro, com todo respeito”. E eis que Barroso solta a pérola: “Perdeu, mané, não amola!”
Barroso, inclusive, parece já ter feito escola: o senador DPVAT… ops! Randolfe Rodrigues, repetiu a mesma expressão a uma senhora em um aeroporto, ao voltar do Lide Brazil Conference. Poderíamos classificar o senador como um semideus, pois trabalha em cooperação com o Monte Olimpo Tupiniquim, denunciando quem discorda dos deuses togados.
De fato, os deuses togados não conseguem interagir com os simples mortais; inclusive, alguns já avisaram que pretendem não participar mais de eventos como este, pois não foram “isolados” como gostariam. O que difere o Monte Olimpo Grego e o Tupiniquim é a democracia: a nossa não tem povo.