Foro de São Paulo volta a unir esquerda latino-americana para discutir estratégias políticas de dominação

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Nos últimos dias voltou a circular nas redes sociais um vídeo antigo da emissora Jovem Pan, da época em que o programa Três em Um era comandado pela jornalista Vera Magalhães. No programa, o assunto era o Foro de São Paulo. Eis o diálogo (ou briga, como queira chamar o leitor) de Vera com seu colega de época, Rodrigo Constantino:

RODRIGO: São todos amiguinhos?
VERA: Talvez eles sequer se conheçam, Rodrigo, vamos parar de narrativas de Sessão da Tarde aqui…
RODRIGO: Então, não existe o Foro de São Paulo?
VERA: Não, não existe. Não existe como essa “entidade do mal”. (…) O Foro de São Paulo é uma narrativa bonita pra Olavo de Carvalho, pra esse pessoal, essa turma, essa outra turma (…) Vamos falar da vida real

O que Vera Magalhães expressou era o retrato da imprensa brasileira até pouco tempo atrás: para meus “colegas jornalistas”, o Foro de São Paulo era uma invenção do professor Olavo e um delírio da direita bolsonarista. Porém, este “conto de fadas” é mais real (e maléfico) do que imaginamos.

O Foro de São Paulo – que, para Vera, não existe – promoverá seu 26º encontro, e desta vez, o local escolhido para reunião foi Brasília. Talvez para selar com “chave de lama” o retorno da esquerda no poder no país. O encontro acontecerá do dia 29 de Junho até 2 de Julho, com 17 mesas de debates nos auditórios do Hotel San Marco, em Brasília.

Segundo a própria esquerda, o encontro tem como objetivo “reunir importantes agentes de governo de todo o continente para uma troca de experiências e estratégias para enfrentar os ataques à democracia que avançam por todo o mundo.”

Bom, falemos de “ataques à democracia”.

Para a ala progressista da força, qualquer divergência às suas pautas caracteriza um ataque à democracia. Lembremo-nos da famigerada “Cartinha pela Democracia”, escrita e assinada em Agosto de 2022. O documento, segundo o blogueiro Jamildo Melo, visava “garantir uma resposta para os ataques do presidente Jair Bolsonaro às urnas eletrônicas, ao STF e ao sistema eleitoral.” Porém, o que de fato aconteceu foi uma discordância do presidente Bolsonaro em relação aos itens citados.

A suspeita em relação às urnas eletrônicas não é de hoje; após o pleito de 2014, o PSDB, partido que lançou a candidatura de Aécio Neves na época, entrou com pedido de auditoria no Tribunal Superior Eleitoral para verificar lisura na eleição. O objetivo, segundo o próprio partido, é evitar “sentimento de fraude”.

Foi exatamente isso que motivou o presidente Bolsonaro a questionar a computação de votos pelas urnas eletrônicas sem o voto impresso – medida que reduziria as chances de fraude. Para isso, a deputada Bia Kicis propôs a PEC 135/2019 (PEC do Voto Impresso), que, de acordo com a proposição, “na votação e apuração de eleições, plebiscitos e referendos, seja obrigatória a expedição de cédulas físicas, conferíveis pelo eleitor, a serem depositadas em urnas indevassáveis, para fins de auditoria.” Porém, a medida sofreu derrota na Câmara dos Deputados por 229 votos a favor e 218 contra, um placar bastante apertado.

O que custaria integrar à urna uma simples “impressora”? Segundo o TSE, R$2,5 bilhões em dez anos. Contudo, para uma democracia saudável, este valor é pequeno se comparado a tranquilidade do eleitor em ter plena certeza de para quem foi destinado seu voto.

Em 2022, a comentarista Ana Paula Henkel demonstrou como é realizado o processo eleitoral na Califórnia, onde reside – sim, lá não é proibido entrar na cabine de votação com o celular.
Toda a votação é feita eletronicamente; afinal, um país tão desenvolvido como os Estados Unidos, não ficaria para trás nesse quesito; contudo, após seus votos serem computados, foram impressos e depositados na urna. Seria os EUA um país atrasado ou transparente?

Vamos a um outro ataque à democracia perpetrado pela esquerda:

Comentaristas da Jovem Pan, cumprindo seu papel de alertar a sociedade dos malefícios decorrentes de uma eventual vitória eleitoral de Lula, passaram a chamar a atenção para a amizade do petista com ditadores, Como Daniel Ortega (da Nicarágua) e Nicolas Maduro (da Venezuela); além disso, por conta da anulação de sua condenação de forma arbitrária, o termo “descondenado” ganhou força.

Contudo, o Partido dos Trabalhadores entrou com uma ação no TSE (cujo presidente é Alexandre de Moraes) para PROIBIR que comentários contrários a Lula fossem feitos. Isso ocasionou a saída de renomados membros da emissora, como Augusto Nunes, Guilherme Fiuza, Rodrigo Constantino e Ana Paula Henkel.
Para evitar complicações jurídicas, uma minuta havia sido compartilhada internamente para que os jornalistas e comentaristas não utilizassem os termos “descondenado”, “ex-presidiário”, “ladrão”, “amigo de ditadores”, “chefe de quadrilha”.

Mas, em 2023, após a posse de Lula, a imprensa falou abertamente sobre a amizade de Lula com ditadores, sem a menor censura. Ah, claro, não vamos esquecer que a perseguição em 2022 foi apenas contra a Jovem Pan; logo, todos os demais veículos estão livres para comentar (e rasgar elogios ao petista).

Voltando ao Foro de São Paulo: a Declaração Final do Grupo de Trabalho foi aprovada no encerramento da reunião realizada em Bogotá, de 13 a 15 de Abril deste ano. Vamos analisar com calma as diretrizes.

Um dos pontos é a “comemoração do pacto histórico” de Gustavo Petro, presidente da Colômbia. O que não contam é que um dos itens que formam este “pacto” é um acordo com o grupo terrorista Exército de Libertação Nacional (ELN), nos moldes do que foi feito tempos atrás com as FARC. Petro, inclusive, planeja criar um fundo internacional para financiar a manutenção destes guerrilheiros, em troca do fim das atividades ilegais com as quais eles obtêm seus recursos, como extorsão e seqüestros.

Outro ponto são as “novas e avassaladoras iniciativas diplomáticas patrocinadas por a República Popular da China para soluções negociadas para os conflitos no Oriente Médio”. A China, que quer “intermediar conflitos” é a mesma que ataca cristãos e cerceou a liberdade de seus cidadãos até o início deste ano, com a desculpa de combater a pandemia de COVID. Além disso, a China é grande aliada de Rússia e Cuba, dois regimes extremistas. Por acaso ser aliado da China é defender a democracia? Penso que não.

O documento também fala em “promover a diversidade”. Pergunta: qual diversidade? Porque para eles, a direita é um inimigo mortal; não nos esqueçamos da fala do professor marxista Mauro Iasi: para promover um sociedade socialista, ele deseja para os conservadores “um bom paredão, uma boa bala, uma boa pá e uma boa cova”.

Além disso, o grupo “exige” (dá vontade de rir apenas em relatar isso ao leitor) do presidente americano Joe Biden e o Congresso dos Estados Unidos “o levantamento imediato do intensificado bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto a Cuba e a eliminação de sua inclusão na lista espúria de patrocinadores estatais do terrorismo, a revogação de medidas coercitivas e unilaterais à Venezuela , e as sanções à Nicarágua.”

As histórias de Venezuela e Nicarágua são recentes, então a maior parte das pessoas entende o porquê das sanções americanas. Porém, as restrições contra Cuba duram quase 60 anos, e aqui explico como tudo começou.

Em 1961, Che Guevara viajou até a União Soviética para fechar um acordo com Nikita Kruschev, com o objetivo de instalar armas nucleares em Cuba. Sem vergonha na cara e sem medo, Che dizia aos quatro ventos que queria “provocar atomicamente” os Estados Unidos. A guerra fria esquentaria se os acontecimentos se seguissem.

Aviões de espionagem americanos conseguiram imagens das instalações militares de Cuba: mísseis nucleares de médio alcance, formada por 42 mísseis soviéticos (20 deles com ogivas) e mais meia dúzia de lança-mísseis também com ogivas. Para não acontecer uma tragédia a nível estratosférico, o presidente John Kennedy criou um bloqueio marítimo, proibindo as importações cubanas, e exigiu a retirada imediata dos armamentos.

Embora este artigo seja pequeno em vista da amplitude do assunto, penso ser suficiente para explicar que o Foro de São Paulo, além de ser mais real do que Vera Magalhães imagina, é um grupo extremamente perigoso e que não aceita diálogo com o contraditório. A única democracia que a ala progressista aceita é a propagação de suas ideias; e para quem não concordar, el paredón está à disposição.


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