A esquerda adotou um discurso que, na teoria, é muito bonito: pluralidade de ideias. Quem ouve esta expressão, logo pensa: “Que bacana, então vamos poder conversar, dialogar, tentar resolver alguns problemas em comum.” Só que, na prática, não é assim que funciona.
Há alguns anos atrás, Mauro Iasi, ex-presidente da Associação de Docentes da UFRJ, esteve em um congresso da Central Sindical Popular Conlutas, representando o Partido Comunista Brasileiro (PCB). No evento, Iasi deixou claro o tipo de diálogo que a esquerda quer estabelecer:
“Mas qual vai ser o nosso diálogo com esse setor? O setor conservador é perigoso porque lança suas garras na consciência da classe trabalhadora. É nela que nós temos que nos defender contra essa ofensiva conservadora, E NÃO NO DÁLOGO COM ELES.
Eu espero contribuir com isso que o Gramsci chamava de intransigência. Um pequeno poeminha final de Bertolt Brecht, que dizia que, em uma situação onde alguém da direita, ao ser flagrado no seu trabalho miserável (…) tentava argumentar com os trabalhadores que, no fundo, ele tinha posições de direitas, mas era uma pessoa boa (…).
Então o Brecht responde: ‘É verdade, você é uma pessoa boa (…) Nós sabemos que você é nosso inimigo, mas considerando que você, como afirma, é uma boa pessoa, nós estamos dispostos a oferecer a você o seguinte: UM BOM PAREDÃO, onde vamos colocá-lo na frente de uma BOA ESPINGARDA, com uma BOA BALA, e vamos oferecer depois de uma BOA PÁ, uma BOA COVA.’
Com a direita e o conservadorismo, nenhum diálogo. Luta!”
Isso mostra que a tal “pluralidade de ideias” é formada apenas pelas ideias de seu grupo e que, baseado nas próprias palavras de Iasi, não há diálogo com o diferente.
No último sábado (18), o rapper Djonga realizou uma apresentação em São Paulo onde, assim como o representante do PCB, incitava a violência. Ele participava do Festival Cena 2K22 no evento, cantou a música “Olho de tigre”, cujo refrão segue abaixo:
“Fogo nos racistas
Eu disse fogo nos racistas
Expõe pra queimar
Deixa queimar”
Neste momento, fogo foi ateado em um homem que “representava” os racistas., numa clara apologia ao crime. Pessoas na internet se dividiram entre os que se sentiram “representados” pela performance, outros que viram na atitude uma incitação à violência.
Um ouro trecho da mesma música tem um refrão que chama a atenção:
“A ascensão do império preto
O império contra ataca
O lado negro da força aqui
Só f… com reaça”
“Reaça” é a gíria para a palavra “reacionário”, um adjetivo também utilizado par alguns para denominar o conservador. Ou seja, dizendo combater o racismo, o rapper, na verdade, está atacando conservadores. que não participam de coletivos.
É bom lembrar que uma pessoa com virtudes, independente do espectro político, jamais será favorável ao racismo ou a qualquer outra forma de discriminação. Porém, a esquerda se utiliza da violência para combater aqueles que ela intitula como inimigo.
Karl Marx, em “O Manifesto Comunista”, defendia a violência e a revolução para conquistar seus objetivos, além da ruptura com as relações tradicionais.
“Em resumo, acusai-nos de querer abolir vossa propriedade. De fato, é isso que queremos (…)’
“A revolução comunista é a ruptura mais radical com as relações tradicionais de propriedade; nada de estranho, portanto, que no curso de seu desenvolvimento, rompa DO MODO MAIS RADICAL, com as ideias tradicionais.”
Portanto, percebe-se que o jargão “pluralidade de ideias”, tão amplamente difundido pela esquerda, é uma maneira sutil de seduzir os incautos para que, aos poucos, sejam absorvidos por suas ideias violentas, sem que se possa dar conta. E quem discorda, é convidado gentilmente para estar em el paredón.