Eu cresci assistindo aos desenhos da Disney. Meu tio, à época do lançamento (1994), comprou o VHS de “O Rei Leão” e minha irmã e eu assistíamos sempre quando o visitávamos. Mais tarde, ele gravou para nós alguns desenhos que amávamos: Cinderela, Pocahontas (meu preferido), Pinóquio, entre outros.
Anos mais tarde, ao estudar sobre simbologias, descobri que várias destas animações, de forma subliminar, inseriam gestos e objetos que remetiam ao ocultismo (mas isso ficará para um próximo artigo). Porém, a essência da obra era preservada, e diversos bons valores eram transmitidos para as crianças.
No clássico “O Rei Leão”, por exemplo, Simba, ao conhecer Timão e Pumba, é encorajado a viver de forma despreocupada, não dando satisfações a quem quer que seja. E Simba se torna um adulto que vive a vida, mas sem responsabilidades.
Até que um dia Simba é encontrado poir Hafiki, que servia a Mufasa, seu pai. Como Simba fugiu da Pedra do reino muito pequeno, não se lembrava dele e perguntou quem era. E Hafiki respondeu: “A pergunta é: quem é você?”. Ou seja, ele havia perdido sua identidade e abandonado sua missão de assumir o reino por conta do trauma do passado: a perda de seu pai.
A ordem para Simba era ocupar o seu lugar no ciclo da vida. E assim ele fez.
Assim como este clássico, várias obras da Disney transmitiam princípios e boas lições para os pequenos. Porém, o progressismo, antes tímido, resolveu mostrar às caras nas produções da empresa americana.
Uma produção recente despertou bastante atenção: Lightyear, um spin-off de Toy Story, contará a origem do personagem Buzz Lightyear.
Na animação de 1995, Andy adquire um brinquedo novo, o Buzz, um patrulheiro espacial com equipamentos sofisticados. Woody, considerado o “líder” dos brinquedos, sente ciúme do novo colega, principalmente pela aproximação de sua “namorada, Betty, a pastora de ovelhas, com o astronauta. Porém, quando enfrentam uma situação de apuros com o vizinho de Andy, Sid (cuja única diversão é destruir brinquedos), Woody deixa seu orgulho de lado e se une à Buzz para saírem daquela situação, dando mostras de que a amizade é o mais importante (aliás, não, é sem propósito que a música-tema do filme se chama “Amigo, estou aqui”).
Infelizmente, o spin-off não vai seguir os mesmos valores de amizade. Ao contrário do longa de 1955, o novo desenho vai exibir o primeiro beijo homossexual lésbico da história da Pixar. A Disney havia decidido vetar a cena que aconteceria entre a personagem Hawthorne e sua namorada, porém a companhia voltou atrás após ser acusada pela Pixar de “censurar personagens LGBT”.
Sendo assim, o mais importante para Pixar não é transmitir valores ao público infanto-juvenil, mas escancarar os portões do ativismo LGBT, custe o que custar. Fazer crianças terem acesso a esse tipo de prática desde cedo, para que assim a lavagem cerebral tenha uma maior eficácia.
Vale mencionar, entretanto, que esse foi apenas um dos exemplos de influência progressista na companhia nos últimos anos. O novo filme lançado sobre Branca de Neve, por exemplo, contou com os anões excluídos sob a alegação de preconceito a pessoas com nanismo. O filme Frozen, um dos maiores sucessos da Disney atualmente, narra o contexto de uma mulher que não precisa do príncipe e é “independente do homem”, com uma narrativa disruptiva ao ideal de família tradicional. Dentre outras obras que carecem de uma análise mais individualizada.
O fato é que, como sabemos, esses comportamentos e ideais de vida são cristalizados na mente do público infantil, que passa inconscientemente a levar aquele modelo em consideração. Da mesma forma que histórias de heróis e bons contos fomentam valores, a exemplo da coragem, no imaginário das crianças, obras progressitas proporcionam o efeito inverso.
Talvez a empresa devesse fazer como Simba: ocupar o seu lugar no ciclo da vida, retomando a responsabilidade e o bom senso, poupando os pequenos do ativismo de uma minoria barulhenta e que pertence ao lado esquerdo do espectro político.