Muitos confundem determinação com teimosia. Pensam que, ao insistirem muito em um determinado objetivo obterão êxito. Porém, na prática, não é bem assim. O Salmo 32.9 nos orienta ao dizer:
“Não sejais como o cavalo ou a mula, sem entendimento, os quais com freios e cabrestos são dominados; de outra sorte não te obedecem.”
Em algumas culturas, “teimoso como uma mula” é um idioma usado para descrever pessoas que são especialmente inalteráveis. Essas são as que não gostam de ouvir conselhos, não querem se submeter, acreditam que estão sempre certas e se recusam a mudar a rota quando necessário. E na política não são poucos os que agem desta forma.
Uma dessas pessoas é Janaína Pachoal, deputada estadual por São Paulo que tenta uma vaga para o Senado. A parlamentar, que ficou conhecida por ser uma das advogadas a entrar com o pedido de impeachment de Dilma Roussef, está demonstrando insatisfação por não ter sido indicada pelo presidente Jair Bolsonaro. Janaína, inclusive, disse que foi orientada a desistir para que o campo bolsonarista se unisse em um único nome, porém sua teimosia faz com que permaneça na tentativa da vaga.
“A divisão revela falta de inteligência. A esquerda está concentrada. Me apresentei primeiro como pré-candidata e estou pontuando mais. O ponto é que não querem uma pessoa independente no Senado.”
Notem o que ela própria diz: a esquerda está concentrada. A ala vermelha sempre teve suas divergências (ala lulista versus ala cirista, por exemplo); porém, ao visarem um único objetivo – a tomada de poder – todos abrem mão das discussões e se unem em prol do mesmo.
Contudo, não é de hoje que Janaína tece críticas nada construtivas contra o presidente, a começar por tentar ligar o astronauta Marcos Pontes a Lula, em uma tentativa desesperada de descredibilizar o candidato escolhido por Bolsonaro. No último sábado, 23, após o anúncio de Pontes como candidato ao Senado por Tarcísio, Janaina publicou três imagens do ex-ministro acompanhado de Lula na década de 2000. Pontes foi diplomado o primeiro astronauta brasileiro em 2006, quando passou 10 dias na Estação Espacial Internacional (ISS). Em uma das fotos postadas pela deputada, ele aparece ao lado do petista e do presidente da Rússia, Vladimir Putin. A missão que o levou ao espaço foi uma parceria do Brasil com a agência espacial russa, Roscosmos.
Os que possuem conta no Twitter podem acompanhar o modo como a parlamentar trata o presidente. Vejam o seguinte exemplo:
“Se os ministros militares retirarem o apoio a Bolsonaro e Mourão garantir esses dois pilares, bem representados por Guedes e Moro, poderemos colocar o país no rumo rapidamente.” (Tweet de 25/04/2020)
Como que, após sugerir que os ministros abandonassem Bolsonaro, esperava receber do presidente algum apoio?
Em um discurso na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, Janaína vocifera palavras duras contra Bolsonaro, inclusive pedindo o afastamento do presidente:
“Este senhor tem que sair da presidência da República. Deixa o Mourão, que entende de Defesa (…) Não tem mais justificativa. Como que um homem, que está possivelmente infectado, vai pro meio da multidão? Como um homem, que faz uma live na quinta e diz pra não ter protesto, vai participar destes mesmos protestos, e manda as deputadas, que são paus-mandados dele, chamar o povo pra rua? Eu me arrependi do meu voto!”
Este tipo de discurso mostra que o objetivo de Janaína nunca foi o de contribuir legitimamente para o crescimento da ala direitista do país, mas o seu próprio. Demonstra que não é apenas a esquerda que possui um plano de poder, mas alguns daqueles que se rotulam de algo que não são – conservadores. E a atitude do presidente Bolsonaro neste caso é reflexo do famoso ditado: quem bate esquece, mas quem apanha, não esquece jamais.