Eduardo Paes e o previsível dano do carnaval fora de época

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Após dois anos, devido à pandemia, o carnaval voltou à cena. No Rio de Janeiro, o prefeito Nervosinho (também conhecido como Eduardo Paes) caiu “na folia” na avenida, ao lado do governador Claudio Castro; ao contrário de seu antecessor, Marcelo Crivella (que trabalhava nos quatro dias de “festa”), Paes é conhecido por sua paixão pelo carnaval carioca. Paixão esta tão cega que não permite se sensibilizar com o que acontece debaixo de seu nariz.

No fim da noite de quarta-feira (20) uma menina de apenas 11 anos, Raquel Antunes Silva, foi esmagada contra um poste por um dos carros alegóricos da Escola de Samba Em Cima da Hora. A menina foi levada às pressas para o Hospital Municipal Souza Aguiar após o ocorrido. Uma prima da criança, de 48 anos, disse que a menina subiu no carro alegórico para tirar fotos. Sem perceber que a criança estava lá, deram partida no veículo, que acabou prensando as pernas dela. Raquel teve uma das pernas amputadas, porém não resistiu e acabou falecendo na sexta-feira (22). Em nota, a Prefeitura informou que “lamenta o acidente ocorrido com a menina Raquel Antunes, de 11 anos, e se solidariza com a sua família” e que “a Secretaria Municipal de Ordem Pública vai acompanhar as investigações da Polícia Civil sobre as causas e os responsáveis por esse acidente” .

Segundo o MPRJ (Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro), o desfile das escolas de samba desta quarta (data do acidente) violou normas que haviam sido determinadas pela Justiça com antecedência. Em Março, o órgão enviou uma recomendação para os organizadores do desfile que menciona a necessidade de segurança no momento da dispersão dos carros alegóricos.

No link ao vivo do programa Hora News, da Rede Record News, o repórter Rael Policarpo mostrou o desespero dos familiares da pequena Raquel ao saberem do falecimento da menina. O jornalista disse:

“A Prefeitura não enviou nenhuma equipe da Secretaria de Assistência Social, nem uma ambulância do hospital para buscá-la” (a mãe da menina, que está grávida de três meses e desmaiou várias vezes).

Eduardo Paes não esteve presente no hospital, não enviou representantes e ainda escreveu esta nota mequetrefe em sua conta do Twitter:

“A morte da pequena Raquel nos deixa um grande sentimento de tristeza. Vamos acompanhar de perto a investigação policial que apura as responsabilidades e estamos, através de nossa secretaria de Assistência, dando apoio aos familiares. Minha solidariedade neste momento de dor”.

No dia anterior, o prefeito esteve na Sapucaí como se nada tivesse acontecido e ainda disse:

“Acidentes podem acontecer, é claro, mas não dá pra deixar dessa maneira.”

Além do desprezo do prefeito pelo caso, o presidente da Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, Wallace Palhares (entidade responsável por organizar os desfiles da Série Ouro), deu uma declaração absurda:

“A Liga não tem que dar suporte à família porque ali é uma área fora do Sambódromo. O que acontece ali é cultural e precisa de polícia. O que ocorreu foi uma fatalidade, o que tem de ter é segurança. O carro já estava sendo rebocado quando tudo aconteceu” (…) Ali, eles entram para roubar tudo. Fui presidente da Acadêmicos do Sossego, e a gente tinha de catar tudo para não roubarem. Ontem (quarta-feira), a Cubango perdeu toda a iluminação. É um prejuízo de R$ 20 mil.”

O descaso da prefeitura também é campeão no quesito segurança. Por conta do desfile, ruas próximas à Marquês de Sapucaí foram interditadas, gerando um fluxo intenso de veículos na Avenida Getúlio Vargas, a principal do centro do Rio. Sem policiamento reforçado, não foram poucas as pessoas que foram vítimas de roubos.

Até mesmo personalidades da mídia, como Fábio Porchat e Marcelo Adnet sofreram com a falta de segurança. O ator de “Como se tornar o pior aluno da escola” escreveu em seu Twitter:

“Tô eu, que nem um turista alemão, andando pela Presidente Vargas fazendo selfie. Dois rapazes vieram por trás e tascaram a mão no meu celular. Eu segurei firme e corri. Quando vi, (Marcelo) Adnet e (Marcos) Veras estavam aos gritos e pontapés com eles. Me senti Dona Flor”.

O carnaval do Rio é uma festa acompanhada de forma internacional. Não entrando aqui no mérito de gostar ou não, sabemos que quem produz as alegorias e os trajes, pro exemplo, demonstra ter talento excepcional, haja vista a complexidade do trabalho realizado. Porém, com todo o descaso por conta do poder público, a imagem que transmitimos é a pior possível. Ainda mais quando o prefeito, que deveria estar preso por corrupção, “samba na cara da sociedade” com seu descaso e incompetência.


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